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"Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis."
Brecht

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O artigo que reproduzimos abaixo, é de autoria do padre Geraldo Magela e foi publicado na sua coluna no jornal o tempo do dia 03/06/2011.

Os desarranjos do ensino brasileiro
As redes sociais ampliaram e o Faustão repercutiu para o país o pronunciamento da professorinha potiguar na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Em sete minutos, Amanda Gurgel resumiu o drama das professoras do ensino básico brasileiro. Espero que seja um empurrão definitivo para que a educação assuma um posto prioritário na agenda do governo.

Por mais de oito anos, fiz desse tema meu único bordão na imprensa mineira. Os leitores da cidade e do campo andaram colecionando artigos. Renderam-me um livro.

Não volto à imprensa para repetir a mesma batalha, mas a Amanda me abre oportunidade para uma reflexão mais abrangente, agora dando um voo rasante sobre o conjunto do nosso ensino.
Nossos ordenamentos jurídicos sobre a educação não duram dez anos sem modificações e são atropelados em todas as instâncias por uma prática que muitas vezes os ignora. As responsabilidades não são bem definidas e nem sempre o que está na Constituição e na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional é plenamente praticado.

O ensino básico é de responsabilidade do município. Mas a maior parte das escolas está com os Estados. O ensino médio é de responsabilidade dos Estados, mas é também praticado pela União em colégios de aplicação e escolas técnicas. O município não pode entrar no ensino superior, mas tem muita prefeitura por aí abrindo faculdades, através do artifício das fundações.

O recrutamento de professores deve ser realizado por concurso público, mas, em muitos lugares, há mais professores contratados do que concursados. A direção das escolas deve ser por escolha da comunidade, a tal gestão democrática do ensino, mas, nas prefeituras e em alguns Estados, são cargos de confiança do prefeito ou do governador e acabam virando patrimônio da família ou de indicações partidárias. Os professores do ensino básico receberam um castigo, que foi o piso salarial de R$ 930 para 40 horas semanais, mas muitos ganham isso por 30 horas semanais.

A quem compete o ensino infantil? O Estado tem escolinhas, o município tem escolinhas e também a União tenta lançar uma rede de creches. Finalmente, as políticas e os conteúdos para a educação são fixados pelo Conselho Nacional de Educação e pelos conselhos estaduais, mas muitas vezes o próprio MEC se intromete na área e quase sempre embola o meio de campo, como na atual polêmica sobre o escrever correto. Um livro patrocinado pelo MEC procura legitimar a linguagem caipira, como caminho para se chegar à linguagem culta. Vamos, portanto, aprender a falar e escrever certo a partir de erros de linguagem e concordância.

É possível que o ministro Haddad tenha prestado algum serviço à educação brasileira, mas o conjunto de sua obra tem como referência principal as confusões do Enem, que, no ano passado, ofereceu um espetáculo de desorganização que pôs à prova os nervos de nossos jovens e a paciência ilimitada de suas famílias.
Reitor do Centro Universitário UNA reitoria@una.br
Disponível em:http://ht.ly/59yg1 acesso em: 03/06/2011

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