Na última quinta-feira (16) findou-se a greve do magistério estadual em Sergipe. Em pouco mais de vinte dias paralisada a categoria mostrou na maior parte do tempo força e disposição para enfrentar o governo vermelho do PT, seus aliados e sua já conhecida retórica de “responsabilidade fiscal”. Contudo, no ápice da greve, a justiça sergipana decretou sua ilegalidade demonstrando a falta de independência entre os poderes que constitui o estado democrático de direito. Na greve anterior ocorreu um cenário semelhante, ou seja, movimento decretado ilegal pela justiça e professores recuando no ápice da luta.
Nesta greve, além de conseguir desafetos no Executivo estadual a categoria também contrariou o Parlamento e por incrível que pareça também contrariou a oposição. Hipocritamente nossos parlamentares discursaram contrariamente (e ofendidos) com o penúltimo protesto realizado pelos professores, muitos se recusando a receber novamente o SINTESE enquanto entidade representativa do magistério estadual. Para os senhores deputados, a atitude do sindicato foi desrespeitosa. Quantos protestos o SINTESE fez ao longo de sua história? Não há dúvidas de que a manifestação ocorreu de modo a expressar para a sociedade sergipana a insatisfação da categoria ante a falta de diálogo por parte da Assembleia Legislativa e, sobretudo, por parte do Executivo estadual.
Com que propriedade pode falar um Parlamento que sempre “diz sim” as proposituras do governo sem ao menos debater com a sociedade, sem ao menos ouvi-la? E quando ouve é sempre para demonstrar uma coisa que não acontece: O reconhecimento dos direitos das mais diversas categorias.
A bem da verdade, alguns pontos não foram esclarecidos nem pelos deputados, nem pelo governo petista local. A Lei 11.738/2008 garante a Estados e Municípios a complementaridade do piso salarial sob algumas exigências. Por que o Estado de Sergipe não está apto a pedir essa complementação? Temos esse direito? Se não temos, qual a verdadeira situação das contas estaduais? Qual interesse em reter dados referentes a arrecadação tributária e a repasses? Não sabemos e por certo nunca saberemos.
Voltando ao principal assunto deste post, é necessário perguntar: Porque parar a luta? Há exemplos de sindicatos que continuam seu movimento e não baixam a guarda diante da pressão exercida pelos três poderes. Como afirmou o companheiro Adriano Paula, o SINTESE deveria assumir o compromisso de lutar por mais alguns dias mesmo sob forte pressão, desta maneira, continuaria demonstrando a força que tem.
E agora o que nos resta? Tentar obter mais uma vez na justiça (talvez sem sucesso) o reconhecimento de toda a nossa luta. Às vezes sinto falta da oposição...
Allisson Goes
Lamentavelmente a postura dos deputados de Sergipo demonstra falta de sensibilidade quanto a situação dos professores, mostra o descomprometimento com o diálogo e o que é pior, revela o despreparo para o jogo democrático. Divergências sempre existirão e saõ salutares numa sociedade democrática. Elas nos fazem crescer e até mesmo impulsionam o trabalho. Mas o que os deputados sergipanos fizeram, foi dar uma aula de truculência, velada, mas truculência uma vez que fecharam as portas dos seus gabinetes para aqueles os quais representam e que deveriam de fato ser vistos como os "donos dos seus mandatos" ou será que aquela não é a casa do povo?
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