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"Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis."
Brecht

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sobre a publicação do Acórdão da decisão do STF sobre o Piso Salarial Nacional

Importante notícia para os educadores. Reproduzimos abaixo a excelente notícia postada pela Coordenadora do Sind-UTE em seu blog.

Publicação do Acórdão pelo STF
Um argumento utilizado pelo Governo do Estado para não discutir o pagamento do Piso Salarial é a ausência da publicação do Acórdão com o resultado da votação da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.167 que questionou a Lei do Piso Salarial. Sabemos que não seria preciso esta publicação para que o Estado iniciasse a negociação sobre o Piso Salarial em Minas. O Governo já mudou de estratégia e agora afirma que paga o Piso porque paga o subsídio. Mas avaliamos em vários espaços de discussão que a publicação do Acórdão é mais um elemento a favor do nosso movimento. Por isso, paralelo a greve, a direção do sindicato iniciou um processo de acompanhamento e pressão junto ao STF pela publicação do Acórdão.
Com a ajuda do Gabinete do Deputado Federal Padre João, conseguimos o agendamento de várias reuniões com os gabinetes dos Ministros do STF. Iniciamos pelo Gabinete do Ministro Joaquim Barbosa, que foi o relator da Ação. Depois fomos dialogando e reunindo com os gabinetes dos Ministros que ainda não tinham enviado seu voto (Ministros Gilmar Mendes, Ayres Brito, Carmen Lúcia e Celso de Melo). No final da tarde desta quinta-feira, dia 30/06, reuni com o Gabinete do Ministro Gilmar Mendes, em Brasília. Era o voto que faltava. Após a reunião, conseguimos o compromisso de que o voto do Ministro será liberado ainda hoje. O Deputado Federal Padre João também participou desta reunião (foi com a ajuda do gabinete dele que conseguimos o agendamento dela).
Com isso todos os votos foram liberados para publicação do Acórdão.
Discussão com o Ministério da Educação
Em vários espaços de discussão do nosso movimento avaliamos a necessidade de discutir algumas questões relacionadas à lei 11.738/08 e cobrar do Ministério da Educação uma postura em relação ao cumprimento do Piso Salarial em todo o país.
Nesta quinta feira, fui ao Ministério da Educação. O diretor de Valorização dos Profissionais da Educação do MEC Antônio Roberto Lambertucci (faz parte de uma Secretaria recentemente criada pelo Ministério) recebeu a solicitação do Sind-UTE de audiência com o Ministro da Educação Fernando Haddad. Ao protocolar o pedido expliquei as principais demandas que queremos e precisamos com urgência discutir:
- o Piso é para a jornada existente na carreira do sistema de ensino e não para jornada de 40 horas. É preciso que a posição do MEC seja clara.
- o valor do Piso Salarial anunciado pelo Mec precisa ser revisto. Do jeito que está há uma defasagem de dois anos no cálculo do Piso.
- o Governo Federal precisa ter um postura mais ofensiva de articular e cobrar de estados e municípios o Pagamento do Piso Salarial. Há Estados que não cumprem a Lei Federal 11.738/08 e não acontece nada.
O pedido desta Audiência foi definido pelo Comando Estadual de Greve que se reuniu no dia 28/06.
Agora é aguardar e cobrar o retorno para o agendamento desta reunião.
 
Fonte: http://blogdabeatrizcerqueira.blogspot.com/

Mais um dia na luta dos educadores

Educadores ocupam Auditório da Comissão de Fiscalização da ALMG

O vigésimo primeiro dia da greve dos professores de Minas Gerais foi marcado por mais uma atividade de pressão sobre o governo do estado. Desta vez o palco foi o auditório da ALMG, onde estava previsto uma Audiência Pública na Comissão de Fiscalização. O objetivo da audiência era discutir a dívida do governo estadual com a União. Dentre os convidados, o ministro Guido Mântega, o senador Aécio Neves e a secretária de planejamento Renata Vilhena, dentre outros. Apesar de não terem sido convidados, mas imbuídos de um espírito democrático, já que aquela é a casa do povo, centenas de professores tomaram seus lugares, lotando o auditório, para o espanto dos deputados da base e de seus convidados. Tínhamos um objetivo, colocar em pauta um tema de igual ou maior importância: a dívida do estado com a educação pública.
Graças à falta de manejo político e ao desequilíbrio do presidente da comissão, deputado Zé Maia (PSDB), conseguimos mudar a pauta, ou melhor, conseguimos obstruir a pauta. Talvez a expressão mais adequada fosse: ACABAMOS COM A PAUTA. É isso mesmo, a audiência pública não pôde acontecer diante das manifestações dos professores que, com apitos, palavras de ordem, e faixas, exigiam em todo tempo que o estado explicasse porque o choque de gestão não conseguiu dar dignidade aos educadores e não resultou em melhorias para as escolas públicas estaduais. As centenas de educadores que ali estavam presentes tinham um objetivo claro: forçar os deputados a se posicionarem e cobrarem do governador o estabelecimento de uma mesa de negociações com a categoria, no sentido de implementar em MG o piso salarial nacional.
Deputado Diniz Pinheiro recebendo  educadores
Nosso objetivo foi alcançado. Queríamos  dar visibilidade ao movimento e pressionar os deputados da base.Com uma forte cobertura da imprensa o presidente da ALMG, deputado Diniz Pinheiro, finalmente nos recebeu em uma reunião no salão nobre da Assembleia. Vale lembrar, que o Sind-UTE já havia solicitado por várias vezes reuniões com o presidente, sem obter retorno. Para o desespero da base governista, a audiência não aconteceu. Coitado do Zé Maia! Já os professores tiveram o que “comemorar”. Afinal,  após a suspensão da audiência pública, o deputado Diniz Pinheiro finalmente abriu o diálogo, recebendo não uma comissão, mas todos os educadores que ali estavam.Na ocasião, foi informado através do deputado Bosco (PT do B) presidente da comissão de educação, que há um estudo pronto, aguardando apenas a apreciação do governador, para ser apresentado como proposta ao Sind-UTE. Ainda de acordo com o deputado haverá uma nova reunião de negociação até segunda feira, onde será apresentada a proposta.
Portanto, para os educadores mineiros, o momento é de mobilização e luta. Com o governo do estado sentindo-se pressionado, dando claros sinais de desgaste e até "desespero", o que se visualiza finalmente, é um resultado positivo à histórica luta dos educadores mineiros. 
Será dessa vez? Isso dependerá apenas da coragem, persistência e disposição de luta que os aguerridos trabalhadores em educação demonstrarem nesse momento crucial da educação em Minas Gerais.
Firmes na luta!!

Por: Adriano de Paula

terça-feira, 28 de junho de 2011

"O arraiá do calote" e os rumos do movimento

Hoje mais de 6 mil trabalhadores em educação se reuniram no grande "Arraiá do Calote". É isso mesmo, a praça da Assembléia Legislativa se transformou numa grande festa minutos antes de ter início a Assembleia Estadual dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais. Bom, festa é modo de falar, todos sabemos que os educadores de MG não têm o que comemorar. Recebendo salário base de 369,00. Tendo seus direitos confiscados pela tal lei 18.975/10, que instituiu o subsídio como nova forma de remuneração, e ainda sendo tratados como miseráveis e ignorantes pelo secretariado do governo Anastasia. Não há de fato, o que comemorar. 
O "Arraiá do Calote" na verdade foi uma forma de protestar contra o governo de Minas Gerais que tem brincado com os educadores mineiros e que não enxerga com seriedade a educação de uma forma geral. Não foi atoa que muitas bananas e abacaxis foram distribuidos no arraiá, para lembrar as tantas bananas que os educadores têm ganhado do governador. Os abacaxis? Não é difícil inferir que se referiam ao nosso plano de carreira, que é um verdadeiro abacaxi. Onde já se viu um plano de carreira em que o servidor só tem reconhecida a sua escolaridade após 8 anos de ingresso no serviço público? Que um professor ao terminar o seu mestrado, só passará a receber por ele após 16 anos? Parece piada, mas não é. Esse plano de carreira existe, e é o plano da carreira da educação em Minas Gerais. Essa foi a herança do governador Aécio Neves para os educadores, um plano de carreira que não funciona  e que na prática se tornou um mecanismo de congelamento da vida funcional do servidor.  
Por todas essas razões, a categoria hoje resolveu manter a greve que se estende desde o dia 8 de junho, a decisão foi unânime. Foi aprovado ainda,  um calendário de mobilização que vamos  detalhar no final desse texto. 
A coordenadora do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, fez importantes considerações quanto aos índices da greve e a postura do governo de Minas que já se mostra desgastado com o movimento. Ressaltou a importância de mantermos nossa mobilização e as estratégias de pressão.
Ao término da Assembleia, os mais de 6 mil educadores deram um abraço simbólico nos prédios da ALMG e do Ministério Público de MG, mandando um claro recado as essas duas casas: que cumpram com os seus deveres  e trabalhem de forma autônoma, e não como uma extensão da vontade do governador. Afinal, não é essa a finalidade dessas instituições.

Por: Adriano de Paula

Calendário de Mobilização:

29/06 9:30
Manifestação durante a Audiência Pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentaária da Assembleia Legislativa.
Será uma audiência pública que estará discutindo a Dívida do Estado com a União.
Convidados: Aécio Neves, Senador da República; Itamar Franco, Senador da República; Leonardo Lima, Secretário de Estado da Fazenda; Renata Vilhena, Secretária de Estado de Planejamento e Gestão. Participação de várias autoridades nacionais.
SAIRÁ ÔNIBUS DA SUBSEDE VENDA NOVA 
Av: Vilarinho, esquina com rua cascalheira. Ao lado da quadra da vilarinho às 8:00 da manhã, passando pela E.E. Três Poderes às 8:20 da manhã.
É importante que o plenário tenha muitos educadores para denunciarem o governo de MG. 

até o dia 05/07 – Atividades em todas as regiões do Estado com mobilizações e panfletagens, visando agregar novas adesões ao movimento.

06/07Assembleia Estadual, no pátio da ALMG, às 14 horas – Ato Unificado com os servidores da saúde. Neste dia também acontecerá o lançamento da Jornada Nacional pelo Piso (carreira e PNE), promovida pela CNTE e CUT. Será uma data marcada por mobilizações e paralisação em todo o país.

Beatriz Cerqueira faz um importante comunicado aos Trabalhadores em Educação. Vejam o vídeo completo, muito esclarecedor.

O porquê da nossa greve!

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domingo, 26 de junho de 2011

"Os problemas do Ensino Público" ( artigo do colunista Eduardo Aquino no Jornal Super Notícias - 26/06/2011)

Os problemas do ensino público

Escolas Públicas: se aumentarem os muros viram manicômios, se colocarem grades nas janelas tornam-se FEBEM. Ok há exceções, escolas modelos não é?! Raras, em extinção ou milagres de cooperação de comunidades mobilizadas e pequenas células que aqui e ali pronunciam alguns lampejos de luz no doentio ambiente das comunidades escolares.

Tensão constante, ambiente pesado, ar muitas vezes irrespirável, fora os gritos de professores com nervos a flor da pele frente a indiferença mesclada com a ditadura da má educação, desrespeito e atitudes ameaçadoras de alunos, vestidos, transvestidos, coalhados de brincos, piercings, tatuagens, roupas estranhas, sensuais...

Tribos de nazistas, sádicos, CDFs e nerds, passando por usuários de drogas, promíscuos, tímidos, vitimas de bullying, aos violentos, aos covardes e silenciosos que mesmo maioria vai se deixando marginalizar para sobreviver ao ambiente ameaçador. Professores acuados, temerosos de um enfrentamento com as "gangues", sendo minoria e tendo "apenas o poder de ser autoridade" em meio a "vampirinhos" sedentos de sangue novo, já que para "pré ou adolescentes propriamente ditos" um dos prazeres históricos é contestar e contrariar AUTORIDADE e odiar o mundo dos adultos (professores, pais e família em geral).

A ditadura do "NÃO TÔ AFIM", "AI QUE SACO" e gírias novas acompanhadas de emburramento, mau humor e impaciência de qualquer papo "careta" dos adultos (loucos para voltar pros games e internets)

Pais? Aonde andam? Separados, indiferentes, sem tempo, acuados?! Ausentes na formação de seus filhos, omissos ao estabelecer limites, puni-los, resgatar o comando, elogiar, investir tempo, paciência na tentativa de relacionar com os filhos, dar um colo, um ombro amigo. Mas, não há treinamento e investimento no ser humano.

Seja professor, aluno, pais, acreditem: a degradação do afeto, a anestesia dos sentimentos, a banalização da violência, das drogas, do sexo, a miopia progressiva dos que percebem que o PARAPEDAGÓGICO por não ter sido valorizado, dizimou a vida, a alma das Escolas Públicas.

Hoje somos zumbis, vagando sem rumo, movidos há obrigações e deveres: faz de conta que o aluno aprende, pai participa e professores têm prazer de reconhecimento no exercício da mais antiga e nobre atividade humana: Ensinar!! Luto pelo fim das paredes, pelo fim dos quadros negros e carteiras! Luto por uma educação onde se aprenda com alegria, onde a base do caráter humano se forme, num ambiente prazeroso, estimulante e atraente.

Meu projeto chama-se ECO GAME ESCOLAS e venho apresentando tal proposta para empresas de 3º, 1º e 2º setor (o publico, o privado e empresas dispostas a investir em responsabilidade sócio-ambiental). COMPORTAMENTO e seus distúrbios não podem ser mais uma responsabilidade de educadores!!!

Eduardo Aquino
Jornal Super Notícias. Belo Horizonte, 26 de junho 2011
http://www.otempo.com.br/supernoticia/colunas/?IdColunaEdicao=5051 

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Virou moda!

Virou moda. Outra secretária do governo Anastasia foi para o jornal mentir e tentar jogar a população contra a greve dos trabalhadores em educação. A Secretária de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, mentiu em seu artigo no jornal "O tempo" do dia 22 de junho, dizendo que o Sind-UTE ajudou a construir o suicídio (Ops! Subsídio). Mentiu quando disse que a greve está sendo feita para perder dinheiro e que há um milhão de aulas não repostas de 2010. Foi o bastante para levar "cacetadas" na lista de discussão do jornal. Veja algumas respostas:
"Quando li o que a Renata escreveu, senti náuseas de tanta mentira em um único texto. A nossa luta em 2010 foi para implementação do piso e o governo nos empurrou goela adentro, este subsídio, que a categoria lutou enquanto pode para sua não aprovação. Porém os deputados da base aliada, como cordeirinhos fizeram a vontade do governo. Fomos derrotados! Agora, queremos que se cumpra a lei, porém o governo, novamente está fazendo o que quer, e infelizmente, todos fingem acreditar que os profissionais da educação é que são intransigentes. Já decidi que, apesar do subsídio ser muito melhor que o piso, conforme apregoa o governo e seus comparsas, quero voltar à remuneração antiga, e o governo, mais uma vez, não cumpre a lei, nem a minha vontade, pois já fiz a opção há mais de 2 meses e até hoje a mudança não foi efetuada. Sr governador é esse tipo de educação que devemos ensinar aos nossos alunos? Em Minas não cumprir Leis é LEGAL".(Maria helena silva - Ipatinga-mg);
"Renata Vilhena e governador, porque vocês não ofereceram subsidio para os PMs e não fizeram pra eles esse mesmo discurso? Que medo hein?!" (Cleber - Belo Horizonte); "O que esta Secretária está fazendo é crime de má fé. Como essas pessoas são tão hipócritas e mentirosas! Chega a ser deprimente, uma secretária de estado, mentir descaradamente. Tudo que este desgoverno quer é não pagar o que nos é de direito. Portanto, se a antiga carreira é ruim para nós, nada melhor para o governo. É muita cara de pau. Eu voltei para a carreira antiga e ninguém vai me demover desta opinião e, caso não me pague o piso, entrarei na justiça por improbidade administrativa contra um governo que não cumpre a lei". (Marcos - Cons. Lafaiete);
"Sinto-me ENVERGONHADA em pertencer a uma unidade federativa (das mais ricas) do Brasil governada por um grupo de MENTIROSOS. Renata Vilhena como pôde vir a este jornal e fornecer tais informações distorcidas PROPOSITALMENTE??? Acaso não sabe que os professores em greve são pessoas informadas? Acaso não sabe que no último ano acompanhamos todas as questões e ações do sindicato e (des)ações do governo? Acaso pensa que acreditamos no governo? Que necessidade é esta a sua em tentar colocar servidores contra o sindicato e implicitamente julgar que os professores não têm discernimento do que é subsídio e vencimento básico? Por favor, senhora? Percebe-se o tamanho de sua desinformação! Vá ler, vá estudar! Percebe-se o quanto o movimento a incomoda e incomoda o governo, do contrário a senhora não se daria ao trabalho de escrever tamanha ABERRAÇÃO para este jornal de qualidade. Poupe-nos de suas mentiras para se manter no poder. A senhora se preocupa com a educação mineira? Desde quando? De que maneira o sindicato participou da articulação do subsídio? Ele foi contra e vocês (governo) noticiaram a informação enquanto o sindicato ainda estava em reunião. Por favor. Vocês não conseguem resolver nem o problema da lei 100, e querem desinformar a sociedade acerca do subsídio. Senhora, começa a desacreditar que esteja de fato preparada para assumir posto de secretária da Seplag, porque é sabido que subsídio é para pessoal sem carreira. PROFESSOR TEM CARREIRA!!!! Senhora, invista seu tempo escrevendo verdades, não o perca escrevendo mentiras, até porque não somos tolos!" (Eurides dos Santos Cruz - Belo Horizonte).
A secretária preocupada com o fato do professor perder dinheiro!! (risos). Você que não é da educação precisa saber a verdade. Observe:
1- Governo se preocupa quando eu estou perdendo dinheiro?
2 - Se o que queremos é ruim por que o governo não nos atende e resolve o problema da greve?
3-Por que ele não faz as comparações completas das tabelas?
4- Por que o governo não fala que o Sind-UTE não assinou a proposta final depois da greve de 2010, pois não concordava com o subsídio?
5- Por que o governo não fala que a proposta de 2010 já veio pronta e não foi discutida?
Por tudo isso parece ser melhor acreditar no coelho da páscoa e no Papai Noel

Por: Igor Andrade

Após reunião com o governo, a greve continua....

 No último dia 22 a coordenadora do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, foi convocada para uma reunião com a secretária Ana Lúcia Gazzola para tratar da greve dos professores. Os resultados dessa reunião você pode conferir aqui

É importante que os profissionais não recuem agora. Estamos sob pressão, mas o governo também está pressionado e quer acabar com a greve.  Vale lembrar que nesta greve de 2011 nós já conseguimos o que não havíamos conseguido no mesmo período em 2010. Naquele ano, o início da greve foi marcado pela atitude do governo de  ignorar o movimento. Diferentemente, neste ano estamos na mídia desde a primeira semana de greve. O governo tem se pronunciado quase diariamente nos jornais. As secretárias de educação,  e de planejamento e gestão, se deram ao trabalho de publicar dois artigos em jornais de grande circulação, insultando os professores e a nossa inteligência, mentindo a nosso respeito. Isso é muito importante, porque mostra que o governo está incomodado com a greve que já atinge a todo o estado. Se nos mantermos em greve o governo passará as ameaças e então a propor negociações. NÃO PODEMOS RECUAR. O governo de Minas vê os professores como covardes e ignorantes, infelizmente. MENTE ao falar que nós já recebemos o piso, e ao dizer que não repomos as aulas no ano passado. O que é indignante,  porque todos sabemos dos tantos sábados passados em sala de aula,  particularmente, trabalhei  todos os sábados até o dia 30 de dezembro, para não dizer de  uma semana das férias de julho  e dos tantos feriados em sala de aula. Tudo com o objetivo de recompor a carga horária dos alunos. Além disso, a mentira das secretárias é tão absurda, que todos sabemos que o ano letivo não pode encerrar se a carga horária não for cumprida. Portanto, se não houve reposição, porque o estado encerrou o ano letivo? Será que o estado está descumprindo mais uma lei? Não caberia uma investigação do Ministério Público? Afinal, se fosse verdade a afirmação das secretárias, o estado estaria sonegando a carga horária de milhares de alunos, e onde está a Promotoria da Infância e da Juventude? Ao mentirem descaradamente sobre nós, a cúpula do governo mostra mais uma vez o seu desrespeito pelo professor. Precisamos assumir o desafio de fazer-nos respeitados como profissionais que somos.
 Nós merecemos mais! É importante salientar ainda,  que não estamos lutando  por aumento de salário, mas por CUMPRIMENTO DE LEI. Esse estado precisa aprender a valorizar e a respeitar o professor. Por isso, vamos nos manter firmes na luta, enfrentando o que vier. Vamos lembrar que juntos somos mais fortes, se  mantermos nossas estratégias conseguiremos  reverter qualquer ameaça de governo, mas se estivermos juntos. A hora é de deixarmos de lado as diferenças e pensar no que nos une, no que nos faz iguais: a grandeza da nossa profissão, versus, o processo de miserabilidade que nos é imposto pelo governo do estado.
Apenas em caráter de exemplo, vamos pensar no histórico da polícia militar. Esses foram por anos tratados com  desrespeito nesse estado, da mesma forma que são os professores, até que uma forte greve fez com que o estado modificasse a forma como eram vistos pelo governo. Com todos os problemas que nós sabemos que a PM enfrenta, há hoje, uma clara diferenciação na política salarial e de valorização que é praticada para esses companheiros de estado, e a política salarial praticada para educação. Que eles merecem, não duvidamos, mas a educação também tem o seu valor. 
Eles souberam impor o seu valor, e nós?

Por: Adriano de Paula

Indicamos o texto do professor Euler Conrado, que é muito esclarecedor sobre as Más intenções do Governo de Minas. Não deixe de conferir.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

FIM DA GREVE DOS PROFESSORES EM SERGIPE: PORQUE PARAR A LUTA?

Na última quinta-feira (16) findou-se a greve do magistério estadual em Sergipe. Em pouco mais de vinte dias paralisada a categoria mostrou na maior parte do tempo força e disposição para enfrentar o governo vermelho do PT, seus aliados e sua já conhecida retórica de “responsabilidade fiscal”. Contudo, no ápice da greve, a justiça sergipana decretou sua ilegalidade demonstrando a falta de independência entre os poderes que constitui o estado democrático de direito. Na greve anterior ocorreu um cenário semelhante, ou seja, movimento decretado ilegal pela justiça e professores recuando no ápice da luta.
Nesta greve, além de conseguir desafetos no Executivo estadual a categoria também contrariou o Parlamento e por incrível que pareça também contrariou a oposição. Hipocritamente nossos parlamentares discursaram contrariamente (e ofendidos) com o penúltimo protesto realizado pelos professores, muitos se recusando a receber novamente o SINTESE enquanto entidade representativa do magistério estadual. Para os senhores deputados, a atitude do sindicato foi desrespeitosa. Quantos protestos o SINTESE fez ao longo de sua história? Não há dúvidas de que a manifestação ocorreu de modo a expressar para a sociedade sergipana a insatisfação da categoria ante a falta de diálogo por parte da Assembleia Legislativa e, sobretudo, por parte do Executivo estadual.
Com que propriedade pode falar um Parlamento que sempre “diz sim” as proposituras do governo sem ao menos debater com a sociedade, sem ao menos ouvi-la? E quando ouve é sempre para demonstrar uma coisa que não acontece: O reconhecimento dos direitos das mais diversas categorias. 
A bem da verdade, alguns pontos não foram esclarecidos nem pelos deputados, nem pelo governo petista local. A Lei 11.738/2008 garante a Estados e Municípios a complementaridade do piso salarial sob algumas exigências. Por que o Estado de Sergipe não está apto a pedir essa complementação? Temos esse direito? Se não temos, qual a verdadeira situação das contas estaduais? Qual interesse em reter dados referentes a arrecadação tributária e a repasses? Não sabemos e por certo nunca saberemos.     
Voltando ao principal assunto deste post, é necessário perguntar: Porque parar a luta? Há exemplos de sindicatos que continuam seu movimento e não baixam a guarda diante da pressão exercida pelos três poderes. Como afirmou o companheiro Adriano Paula, o SINTESE deveria assumir o compromisso de lutar por mais alguns dias mesmo sob forte pressão, desta maneira, continuaria demonstrando a força que tem. 
E agora o que nos resta? Tentar obter mais uma vez na justiça (talvez sem sucesso) o reconhecimento de toda a nossa luta. Às vezes sinto falta da oposição...

Allisson Goes

Indiferença ou luta, fracasso ou conquista: uma reflexão sobre a profissão docente em MG

No dia 31 de maio de 2011 os trabalhadores em educação de Minas Gerais decidiram em assembleia iniciar uma greve pela imediata implementação da lei 11.738/08, a lei do Piso Salarial Nacional. Desde o dia 08/06 os educadores mineiros estão em greve e se mobilizando para pressionar o governo do estado a pagar o piso salarial nacional.
Nesse breve texto, gostaria de refletir um pouco sobre a situação do professorado mineiro. Mais do que discutir a situação dos profissionais do magistério,  nosso objetivo é também registrar algumas impressões sobre o papel dos professores nesse processo que temos denominado de sucateamento da profissão docente.
Os problemas da profissão docente são muitos, e vão desde a desvalorização salarial até mesmo o total descrédito da profissão no meio social , e porque não dizer, no meio acadêmico também. Se há alguns anos a figura da "professorinha" era uma figura de prestígio, de respeito e sinônimo de boa formação, hoje, quando muito, a palavra "professor" inspira pena, ou comentários do tipo: “tadinho”! As perguntas direcionadas aos docentes do ensino público municipal e estadual são: “Mas porque você escolheu isso?”; “Você é doido?”; “Como você aguenta?”; “Por quê não larga esta profissão?”, etc.
Não é segredo para ninguém o total desprestígio que vive o magistério e não é para menos. Poucas profissões são tão desvalorizadas quanto as ligadas às licenciaturas. Salários baixos, cobranças exorbitantes, avaliações de desempenho, altíssima carga de trabalho, adoecimento em função das atividades, são alguns fatores que fazem com que os professores sejam os profissionais menos invejados na sociedade brasileira. Não bastasse, há ainda o total desprezo das autoridades governamentais por esta classe, vista como numerosa e por isso dispendiosa, uma classe que reclama muito e oferece poucos resultados. Desta forma, recai, então, sobre os ombros dos docentes, apenas, a responsabilidade do sucesso e dos insucessos dos alunos das escolas públicas tão sucateadas pelo poder público.
Já é lugar comum entre profissionais da educação atribuir aos governantes o crescente desprestígio do educador na sociedade. Quando se trata de salário então, comumente, os profissionais do magistério atribuem exclusivamente aos governantes a falta de políticas salariais que de fato sejam condizentes com a importância do educador e da sua formação. De fato, nossos governantes pouco apreço têm pela educação. O professor então, é figura desprezível  aos olhos das autoridades. Terão aqueles que se insurgirão contra essa afirmação, dizendo que o professor é um profissional de grande relevância na sociedade e que, portanto, é descabido dizer que ele seja desprezado pelas autoridades governamentais. Todavia, trata-se apenas de um discurso. Nada disso é observado na prática interior à escola e na remuneração do magistério no Brasil. Um dos problemas do sistema educacional brasileiro é que ele privilegia a educação apenas nos discursos,  especialmente em período eleitoral. Porém não há este ou aquele governo que tenha tido a competência de efetivamente extrapolar o universo do discurso, das ideias e de fato, investido em ações concretas em educação e na carreira de quem a faz, o professor.
A importância do professor e da educação habita o universo das ideias e nada mais. Se não fosse assim, os professores não sofreriam com os baixos salários, com a violência nas escolas, com a precarização das condições de trabalho, etc. Essas são mazelas históricas da educação brasileira,  que não mudam de um dia para o outro, é fato. É preciso ações pontuais e radicais agora para que  a sociedade usufrua dos seus direitos  daqui a alguns anos. Mas para que haja essa mudança de médio  prazo, é necessário, como já dissemos, investimentos e ações no agora, sob pena de sacrificarmos professores e alunos das escolas públicas por mais algumas dezenas de anos.
Portanto, é acertado atribuir a culpa do caos educacional às autoridades governamentais. Todavia, faz-se necessário aos professores, olhar para si e para a seu próprio posicionamento diante de tamanha calamidade em que nós educadores nos encontramos. Cabe então perguntarmos: será que eu tenho contribuído? Para onde vai a minha contribuição? Essas são perguntas relevantes e que podem nos revelar, que a despeito da falta de responsabilidade dos governantes e do desrespeito como tratam os educadores, nós profissionais da educação, muitas vezes também somos responsáveis pelo estado de miséria em que nos encontramos. Também somos responsáveis por tamanho descrédito da nossa profissão. Afirmo isso baseando-me no fato de que temos falhado enquanto categoria. Isso porque sofremos cabisbaixos a todos os desmandos dos governos. Não questionamos junto à sociedade os projetos pedagógicos falidos impostos pelas secretarias de educação, resolvemos internamente todas as contradições da escola pública, e, como dizem por aí,"nos viramos nos trinta" para resolvermos a falta de livros na escola, a falta de material didático, de folhas, de xerox, enfim. Somos os heróis da escola pública. Mas, heróis para quê? Para quem e de quem? Enquanto estamos dentro de sala de aula sofrendo com todas a mazelas que já conhecemos no sistema público de ensino, vemos nossos salários e nossas carreiras sendo achatadas. Vemos a imposição de salas de aula lotadas,  e a já mal cuidada saúde dos profissionais do magistério se esvaindo. Mas estamos calados, estamos dentro de sala de aula esperando que da mesma forma que fazemos o papel de heróis e heroinas, apareça um grande herói para salvar a educação, para salvar os educadores deste grande "Leviatã" que se tornou a escola pública. Infelizmente, outros heróis não aparecerão.
Os heróis deverão ser os próprios professores que, deixando de lado seus interesses pessoais e  seus medos, precisarão se erguer desse lugar de julgo a que estão submetidos. Precisarão ter mais coragem do que a necessária para enfrentar a hostil sala de aula. Deverão extrapolar os muros da escola, fechando-as se necessário. Indo para rua e mostrando a toda sociedade o seu valor. O desafio é fazer-se  respeitado, fazer-se valorizado. Se há descaso, esse é consentido. Muitos estão na rua lutando e exigindo seu valor, mas há também os covardes e arredios que preferem se fechar na sala de aula, fingindo uma satisfação que já não há. Desfrutam de conquistas que não têm seu nome e se recusam a conquistar quando a luta já está travada.
É preciso, portanto, que os heróis das salas de aula o sejam de fato, fora delas.
Por: Adriano José de Paula

sábado, 18 de junho de 2011

A realidade dos professores na mídia: reproduzimos abaixo a matéria do G1 sobre a condição caótica dos salários dos professores

Professores fazem até jornada tripla para aumentar renda

Jornadas de 30, 40 e até 60 horas semanais, três empregos, pouco tempo para ver os filhos, a família. Sorteio para pagar as contas do mês. Empréstimos, bicos, jornada tripla. E salários baixos. Esta é a rotina de grande parte dos professores da rede pública de ensino no país, muitos deles pós-graduados.
"Não consigo dar conta de pagar minhas contas mensais", diz a professora Maria Patrícia Almeida Santos Costa, de 38 anos, que leciona no ensino fundamental da escola estadual Professor José Baptista Castellões, na Zona Sul da capital paulista. Ela faz um sorteio todo mês para decidir o que deixar em dia. “Esse mês nós vamos pagar o seguro do carro. Já sabemos que o telefone e o condomínio nós não vamos conseguir."
Tempo para o lazer não é uma possibilidade, segundo ela, com um salário de R$ 1.213. "Há muito tempo eu não viajo. No cinema eu ainda vou, porque eu e o meu filho temos desconto. Às vezes vamos a algum parque público", diz ela. “Eu já tirei uma carteira de trabalho nova e estou procurando trabalho desde abril. Sou casada com um funcionário público e nossa renda é baixa.”
Sem tempo para os filhos
No Distrito Federal, a jornada de Jucimeire Barbosa, de 45 anos, chega a 60 horas por semana. Dá aulas de artes para o ensino fundamental pela manhã, trabalha à tarde, três vezes por semana, na coordenação da escola e leciona na turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) à noite. Mal sobra tempo para os três filhos. "Muitas vezes meu filho de 6 anos espera eu chegar às 23h para ajudá-lo nos deveres", conta ela, sobre o ritmo de trabalho que mantém há 14 anosJucimeire já chegou a trabalhar em três escolas de duas regiões diferentes – e fazia todo o percurso de ônibus. Mas a renda líquida média não passa de R$ 3,9 mil por mês, o que a impede de investir na carreira. "A gente se forma, trabalha e quer chegar a um ambiente organizado, com tranquilidade. Aí passa por dificuldades, sobra pouco tempo de cuidar de si mesmo, de seu espaço. É bem difícil mesmo."

Professor faz jornada tripla para ser advogado
Em Mato Grosso do Sul, o professor Leossandro Carlos Adamiski, de 28 anos, já fez jornada tripla para trabalhar e agora faz para estudar. Ele trabalha 36 horas por semana em duas escolas dando aulas de filosofia. À noite, cursa Direito."Dou aula de manhã e a tarde. No período da noite estou fazendo outra faculdade. Temos que estar preparados para o mercado. Afinal a profissão de professor não está tão fácil", conta o professor.Ele afirma que é impossível pagar as contas dando aulas em apenas uma escola. “Já cheguei a dar aulas nos três turnos para complementar a renda. Não tem como sobreviver dando aula em apenas uma escola, o salário é muito pouco. Juntei dinheiro para comprar meu carro porque eu tinha que ficar indo de uma escola para outra e gastava quase uma hora no ônibus".
Adamiski diz que o trabalho acaba preenchendo parte dos dias de folga. "Além das aulas, temos que levar para a casa as provas e trabalhos para corrigir. Temos que fazer diários, relatórios e planejamentos de aulas", afirma.
Em Videira (SC), o professor Ravel Ribeiro, de 27 anos, se divide entre quatro escolas, de manhã, à tarde e à noite. No total, são 50 horas/aula, que rendem um salário líquido de R$ 1.980. A mulher está grávida, e o casal tem outro filho de dois anos, com quem Ravel só tem as noites de segunda e terça.
Ele faz parte da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Rede Estadual de Ensino do estado, onde os professores estão em greve desde o dia 18 de maio. Pós-graduado e estudante de mestrado, ele dá aulas de matemática e química para cerca de 450 alunos. “Meu objetivo com o mestrado é dar aula numa escola particular ou numa universidade”, diz.
Marcelo Santana enfrenta uma tripla jornada nasredes municipal, estadual e ainda dá aulas em umcolégio particular na Ilha do Governador, subúrbiodo Rio (Foto: Patrícia Kappen/G1)

'Correr de lá para cá'
Marcelo Santana enfrenta uma tripla jornada nas redes municipal, estadual e ainda dá aulas num colégio particular na Ilha do Governador, subúrbio do Rio. Mora com a filha de 19 anos e os pais, de quem precisa de ajuda financeira. Pela rede estadual, recebe cerca de R$ 940 e, pela municipal, R$ 1.337. Na particular, são R$ 350. “A minha filha faz pré-vestibular comunitário porque não dá para eu pagar um pré-vestibular top de linha”, reclama. “Houve um tempo em que eu dava 60 aulas por semana, mas estou cansado. Diminuí para 40 aulas.” Hoje, são 32 horas semanais no município, mais 16 horas no estado e outras quatro horas semanais na rede particular. “A gente trabalha com uma realidade complicada, de vários tipos de alunos. Você não pode fazer um trabalho com mais afinco porque você tem que correr de lá para cá”, diz.

'É pura vocação', diz professor pós-graduado
O casal de professores Luiz Henrique Rodrigues, de 50 anos, e Clécia Lúcia de Lacerda, de 37 anos, que trabalha na escola estadual Martins Pena, na Zona Sul de São Paulo, faz jornada dupla para conseguir manter o orçamento doméstico. Com descontos e abonos, o professor, que é pós-graduado em história e tem ainda dois cursos de especialização, recebeu, em abril, R$ 1.617, por 40 horas semanais. "É pura vocação", afirma ele sobre a profissão.
Clécia, professora de português, cumpre 30 horas de trabalho na rede pública estadual e mais uma jornada de 40 horas na rede municipal. "Não pode pensar no salário na hora que vai para a sala de aula", diz ela, que ganha um salário de R$ 1.552, fruto de um aumento recente pelo bom desempenho na avaliação de mérito. "Acho que meus alunos precisam de mim. Eu faço a diferença na sala de aula. Eu tenho esse retorno deles.”
A pedagoga Karina Sousa, com duas pós-graduações no currículo e cursando a segunda graduação, recebe um salário bruto de R$ 1.700 para trabalhar 40 horas por semana, também em Videira (SC). Casada e com um filho, ela tenta economizar indo a pé para uma das escolas em que trabalha. Na volta, conta com a carona dos colegas. Para dar conta dos cursos de qualificação, Karina chegou a vender roupas informalmente, a fazer empréstimos e a dar aulas de reforço em casa. “Nos primeiros anos, eu não tinha acesso à internet e computador em casa. Para a última pós-graduação, tive que negociar as parcelas em atraso para passar pela banca de conclusão de curso. Para pagar a outra, fiz um empréstimo de R$ 2,4 mil”, conta. Ela trabalha há cinco anos na rede estadual como professora ACT, que tem contrato por ano letivo. Em janeiro e fevereiro, quando as escolas estão em férias, Karina fica sem trabalho e sem renda. Ela diz pensar em se mudar de estado e ir para o Distrito Federal, onde o salário é melhor, ou até em mudar de país.

Quase metade do salário com combustível
Em Mato Grosso, a professora Letícia Aquino da Silva, de 27 anos, chega a gastar quase metade do salário em combustível para se deslocar a uma cidade onde dá aulas. Ela é professora de educação física em duas escolas das redes estadual e municipal.
Como funcionária do estado ela trabalha em um colégio que fica em outro município, no período noturno. Todos os dias ela se desloca de Cuiabá para a cidade de Rosário Oeste, a 133 quilômetros da capital. A professora usa o próprio carro para viajar até o serviço. “Vou com o meu carro porque de ônibus o horário não daria certo. Talvez fosse até mais barato ir de ônibus, mas não dá”, explica Letícia. Para percorrer a distância entre a casa e o trabalho, Letícia afirma que gasta quase a metade dos R$ 1.873,02 que recebe como professora com combustível. Ela sai de casa às 17h e chega ao município às 19h. A aula termina às 22h. O retorno é feito no mesmo dia, e só por volta da meia-noite é que ela consegue chegar em casa. E a partir das 7h do dia seguinte, tem que estar dentro da sala de aula na escola em que também trabalha, em Cuiabá, na rede municipal. “Esse mês eu gastei R$ 700 com combustível porque o preço diminuiu. Mas no mês passado eu cheguei a gastar mil reais”, conta. Pela maratona profissional de três turnos, a educadora ganha R$ 2.652. No contracheque dela, o valor pago pelas 21 aulas no estado é de R$ 567,04. Com as gratificações, o salário vai para R$ 1.252,54.
Rotina de bicos
A rotina não é diferente em Minas Gerais. A professora Alessandra Andrade de Souza Said, de 37 anos, que dá aulas há 11 na rede estadual de educação, em Belo Horizonte, diz que há colegas que vendem roupas, bijuterias e cosméticos para completar a renda. Ela trabalha uma média de 12 horas diárias para conseguir manter as contas em dia. Casada e mãe de uma menina de 12 anos, a professora diz que ajuda o marido nas despesas de casa e que não tem nada extra. “Acho que, se fosse o caso, eu poderia cortar a TV a cabo porque a internet eu preciso para trabalhar e a minha filha para estudar, pesquisar. Ainda bem que eu não pago aluguel. Já pensou se pagasse?”, questiona.Na escola Martins Pena, a professora de física e matemática Luciany Shirley Lúcia da Silva, de 45 anos, dá aulas há 19 anos, mas não é efetiva. A jornada de 40 horas semanais rende um salário líquido de R$ 1.600, porém, o desconto de um empréstimo consignado faz com que a remuneração não seja suficiente para arcar com as despesas. "Pago R$ 500 de aluguel e R$ 150 de transporte. Se precisar ir ao dentista ou comprar medicamentos, preciso contar com os meus trabalhos extras. Se não, jogo no cartão para pagar no mês seguinte", conta.
Para a professora Alessandra Said, além da desvalorização salarial, há a desvalorização humana. “Professor e nada é a mesma coisa.”
*com textos de Alex Araújo (MG), Iara Vilela (MT), Letícia Macedo (SP), Marcelo Parreira 9DF), Maria Angélica Oliveira (SP), Patrícia Kappen (RJ) e Tatiane Queiroz(MS)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A greve continua

A assembleia estadual realizada ontem teve participação de trabalhadores em educação de todas as regiões do Estado.
Antes da assembleia reunimos o Comando Estadual da Greve, cada região apresentou as atividades realizadas e o quadro de adesão a greve. Discutimos propostas e estratégias.
Apesar de todas as tentativas do Governo do Estado com intimidações, perseguições e informações distorcidas a respeito do pagamento do Piso em Minas Gerais, a nossa greve já atingiu todas as regiões do Estado. Há regiões com maior adesão e outras com dificuldade mas a greve está em todo o Estado.
O Governo tem usado estratégias de divisão da categoria, principalmente construindo a idéia de que os efetivados não precisam participar de nenhuma mobilização porque o governo "dará tudo". É preciso refletirmos sobre isso.
Após a assembleia realizamos uma grande manifestação pelas ruas de Belo Horizonte e terminamos com um ato na Praça Sete.
Conseguimos cobertura da imprensa: Rede Record, SBT, Jornal O Tempo, Portal G1, Estado de Minas online, Jornal Estado de São Paulo e BandNews.
Nosso quadro de adesão a greve está em 50%.
Confira o calendário até a próxima assembleia:
17/06 - Atividades locais para fortalecimento da Greve
A direção do sindicato participará de reunião do Conselho Nacional de Entidades da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação)
20/06 - Atividades locais para fortalecimento da Greve
21/06 - Atividades locais para fortalecimento da Greve
Participação, com mobilização da Região Zona da Mata, no Encontro Regional do Fórum Técnico "Segurança nas escolas: por uma cultura de paz", promovido pela Assembleia Legislativa, em Juiz de Fora
22/06 -Dia 'D' de mobilização nas regionais do Estado com atividade de rua, que dê visibilidade ao movimento (por exemplo rodovia, Praça, etc)
27/06 - Atividades locais para fortalecimento da Greve
28/06 - Assembleia Estadual
Atividades locais: visita às escolas que ainda não aderiram a greve, discussões nas Câmaras Municipais, panfletagens, assembleias locais e/ou regionais, reuniões do Comando local de Greve entre outras.

Fonte:    blog da  Beatriz  Cerqueira

Conversa com professor

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Importante: Sind-UTE responde às mentiras da secretária Ana Lúcia Gazzolla

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

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O desespero do governo Anastasia

A greve tem 6 dias, muito pouco tempo e já incomodou o Governo do Estado de tal forma que várias inspetoras e superintendentes estão desesperadas. No desespero as pessoas falam o que não devem, orientam o que não devem orientar e, com isso mostram como estão despreparadas para o serviço público.
A Administração Pública deve obedecer o princípio da legalidade. Isso quer dizer que todos devem respeitar a legislação. A lei 7.883/89 determina o direito de greve, inclusive para os servidores públicos. Por isso, quem ameaçar designado ou efetivado com punição por participar da greve, quem ficar ligando para os profissionais da escola para voltar a trabalhar, quem fizer lista na escola, expondo os colegas que desejam participar da greve desrespeita um lei federal e portanto comete um crime. Nesta greve todos serão responsáveis por seus atos. O sindicato começará a notificar os agentes públicos que estão desrespeitando a lei do direito de greve. Vamos começar com a Superintendente de Sete Lagoas que orientou os diretores de escola a lançar falta comum para quem está de greve. A falta não é comum, estamos em greve.
Começaremos a notificar também as inspetoras e direções de escola que estão orientando os designados a retornarem à escola porque serão penalizados.Nenhum designado pode sofrer qualquer ameaça. É uma vergonha o que está acontecendo protagonizado por pessoas que estão tão empobrecidas como os diretores de escola.
É importante analisar o comportamento de várias Superintendentes neste momento. Com a realização da Certificação para o cargo de Superintendente, muitas podem perder o emprego. Por isso é importante "mostrar serviço" e diminuir ao máximo o percentual da greve na sua região. O que está em jogo, neste caso, não é a reorganização da distribuição política de cargos.
Outro desespero é a Secretaria ir ao Programa Chamada Geral apresentado pelo Eduardo Costa da Rádio Itatiaia e afirmar que a categoria não faz a reposição pois tem mais de um milhão de horas não repostas. É preciso ter memória para saber que esta versão não corresponde a realidade vivida pela categoria em 2010:
os contratados que tiveram o contrato encerrado no primeiro semestre de 2010 foram impedidos, por orientação da SEE, de realizar a reposição e ficaram com falta na vida funcional; os servidores que estavam de licença médica, licença maternidade ou acidente de trabalho não foram substituídos pela SEE; os dias 16/03, 17/06, 22/06, 23/06, 13/07 e 24/07 foram dias de paralisação, em que o Estado realizou o corte do ponto, foram repostos e não foram pagos; os servidores que durante a greve estavam de férias-prêmio ou na função de direção de escola e portanto não fizeram a greve, realizaram a reposição e não receberam por trabalhar uma carga horária além da sua jornada; os contratados que iniciaram o seu contrato após o término da greve foram obrigados a realizar reposição sem o correspondente pagamento extraordinário; os servidores que estavam de férias-prêmio no segundo semestre foram impedidos pela SEE de realizar a reposição. E o mais grave e que contribuiu para o volumoso número de horas anunciada pela Secretaria: as Superintendências autorizaram os profissionais que não quiseram aderir a greve a ficarem na escola sem aluno e assinarem o ponto. Vocês se lembram disso?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Assembleia dos Professores de MG 16/06/2011

É isso aí companheiros, no dia 16/06 vamos ter outra assembleia para discutir os rumos do movimento. Não deixe de comparecer. A subsede de Venda Nova disponibilizará ônibus saíndo às 13:00 em frente a E.E. Santos Dumont, em Venda Nova.
Na oportunidade, os trabalhadores em educação deverão levar cópias dos contra cheques (de agosto de 2008 até o mais atual), da identidade e cpf, para que o sindicato possa providenciar as ações que serão impetradas no TJMG contra o governo de Minas.

Telefone da subsede venda nova: 34518511

domingo, 12 de junho de 2011

A Polêmica do “Kit Gay” e os Processos Identitários na Escola: para além do respeito às diferenças - PARTE 2

Prosseguindo a breve discussão iniciada no post anterior, sob o mesmo título, - leia aqui - quero me deter às questões que fazem referência ao campo educacional, mas que ultrapassaram seus limites. Uma primeira proposição foca nas opiniões que permeiam o debate. Identificamos duas posições bem claras e definidas quanto à questão; é claro que corremos o risco de generalizarmos, todavia a proposta é esclarecer quaisquer dúvidas acerca do que será colocado aqui. A primeira posição é dos grupos religiosos – católicos e evangélicos principalmente – que “demonizam” o “kit gay” e seus defensores. Usando de argumentos bíblicos evocam a “família tradicional” como base da sociedade e o risco que traria a introdução deste material na escola. Alegam que o kit incentiva, induz, instiga e outros sinônimos, a comportamentos homossexuais. A segunda posição é defendida pelos grupos que advogam os direitos dos homossexuais que, fazendo referência, ao direito à diversidade e outras garantias constitucionais, acreditam que a utilização do material irá contribuir para a diminuição dos preconceitos e da discriminação às crianças e adolescentes que manifestam comportamentos homossexuais. Qual destes grupos está correto? Qual proposta defender? Antes de responder a estas questões vamos finalizar nossas proposições. Nossa segunda proposição se concentra em como a mesa do debate se apresenta e como estas duas posições se enfrentam. Parece que os grupos religiosos enxergam a figura do homossexual como uma aberração e/ou desvio da natureza, passível de conserto e do outro lado os grupos em defesa dos homossexuais retratam os religiosos como homofóbicos, preconceituosos e antiquados. Não se trata aqui de querer uma simples posição de consenso, porém, é preciso apontar que as duas posições erram em andar pelas veredas do extremismo. Talvez o debate não avance porque temos figuras como Jair Bolsonaro que “está se lixando para o movimento gay”; homens como Marco Feliciano que se utiliza das Escrituras para extrair (quero acreditar que com muito esforço) uma pauta anti-homossexual “abominando suas práticas promiscuas”. Temos ainda, parlamentares como Jean Wyllys, ex-estrela BBB, que propõe o “casamento gay” numa sociedade como a nossa. Defende o PL 122 e se declara abertamente contrário aos cristãos. Tais figuras dificultam o amplo debate, não contribuindo, portanto, para que tais questões avancem efetivamente. Em terceiro lugar, cito mais uma vez o conflito tão mencionado pelo grande sociólogo judeu-alemão Georg Simmel. Para Simmel, o conflito é necessário nos processos de socialização e para que a sociedade continue a existir. Não se trata de guerras ou conflitos armados, mas dos conflitos diários e cotidianos construídos nas relações. Simmel prefigura uma valorização do conflito, embora não trate exatamente de processos identitários. Como mencionei anteriormente, penso que o conflito é necessário, porém é preciso entender sua natureza. 
Assim, encerrando esta discussão, tentaremos “responder” as perguntas colocadas acima. Qual destes grupos está correto? Nenhum! Quando cada grupo evoca sua identidade (na busca de recursos), também evoca seus símbolos e referências, distintos entre os grupos. Qual proposta defender? As duas! Por serem distintas cada uma tem suas particularidades e é óbvio que tratam a questão de forma diferente. O ponto chave, é como o grupo faz a defesa de sua identidade ou de suas proposições. Como disse, não sou a favor de extremismos, o discurso pode ter muita importância no processo de busca de soluções, não dos conflitos, porque eles sempre existirão. Tenho medo das ditaduras sejam elas gay ou cristã. Me aflige pensar em um Brasil só de católicos, só de evangélicos, e por que não, um Brasil só de gays.  

Allisson Goes 

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sindicato denuncia governador Antônio Anastasia no Ministério Público

Hoje dia 10 de junho o Sind-UTE denuciou o governador Antônio Anastasia no Ministério Público Estadual e Federal pelo não cumprimento, em Minas, da lei 11.738/08 (Lei do Piso). Além disso, a direção do sindicato orientou toda a categoria a entrar com ações individuais no TJMG contra o Estado pelo mesmo motivo. Isso  acontecerá na próxima semana quando o sindicato disponibilizará balcões de recebimento da documentação para todos os profissionais da educação que quiserem mover a ação, através do departamento jurídico do Sind-UTE. 
A denúncia no Ministério público aconteceu hoje em Belo Horizonte e nas seguintes comarcas: Araxá, Barbacena, Betim, Bom Despacho, Campestre, Capinópolis, Caratinga, Contagem, Curvelo, Diamantina, Divinópolis, Governador Valadares, Ipatinga, Itaobim, Ituiutaba, Jaíba, Janaúba, Januária, João Monlevade, Matozinhos, Montes Claros, Nanuque, Patrocínio, Pirapora, Ponte Nova, Ribeirão das Neves, Salinas, Sete Lagoas, Teófilo Otoni, Timóteo, Uberaba, Unaí, Varginha, Viçosa.
 
Clique aqui para conferir o a denúncia entregue na Procuradoria Geral.

Fonte: http://blogdabeatrizcerqueira.blogspot.com/


quinta-feira, 9 de junho de 2011

Primeiro dia da Greve da Educação em MG


 Companheiros de luta!!!
Cheguei a pouco do grande Ato Público que marcou o nosso primeiro dia de greve. Na verdade, o ato público acabou mais cedo, mas de lá segui com outros companheiros da subsede de Venda Nova para uma reunião, onde estabelecemos algumas ações para essa semana no sentido de construirmos a Greve. 
Gostaria de fazer uma bela postagem hoje falando da grandeza do  primeiro dia da nossa greve. Infelizmente, já estou vencido pelo cansaço, e levando em conta que amanhã cedo já temos  alguns compromissos de greve,  não poderei postar os detalhes hoje, preciso descansar. Adianto, porém, que fiquei extremamente feliz quando chegamos na praça da Assembleia e nos deparamos com uma multidão de aproximadamente SEIS MIL pessoas. Ali fizemos nossa assembleia e votamos as nossas estratégias para pressionar o governo ao longo dessa semana. Dentre elas, vamos ajuizar individualmente ações na justiça contra o governo do estado. A ideia é pressionar o TJMG a cobrar do governo o cumprimento da Lei do Piso (queremos ver se o TJMG será tão ágil como foi em 2010 para declarar a ilegalidade da greve). Além disso, faremos denúncias no Ministério Público Estadual e Federal. Não podemos deixar de fazer, ainda, as nossas discussões nas escolas que ainda não aderiram ao movimento, para que desta forma no dia 16/06 possamos ter um número ainda maior de Trabalhadores em Educação na nossa Assembleia.
Após a  assembleia, os Trabalhadores em Educação fizeram uma grande passeata em direção a Praça Sete e lá nos encontramos com os políciais civis e  militares que também reinvindicam melhores salários. Foi um encontro histórico, como bem afirmou a companheira Beatriz Cerqueira em seu blog  ali reunimos mais de 15 mil pessoas, servidores do estado de MG demonstrando a falácia do choque de gestão em MG.
Companheiros aguardem. Amanhã farei uma postagem mais detalhada. Faço questão ainda de postar algumas fotos e vídeos do ato de hoje, para que todos tenham a dimensão do nosso poder de fogo contra esse governo que tanto mal faz para a educação pública. 
Abraços
Passeata em direção ao centro de BH

sábado, 4 de junho de 2011

Greve na Educação MG: pague o piso Anastasia

Os trabalhadores em Educação do Estado de Minas Gerais, iniciarão greve no dia 08/06. A decisão foi tirada na Assembléia da categoria no último dia 31/05. 
As razões são claras: o governo de Minas não cumpre a lei do Piso Salarial Nacional que o obriga, desde o dia 27/04/2011, a aplicar o valor de R$ 1.187,08 para profissionais com ensino médio de escolaridade (valor do piso reconhecido pelo MEC) como vencimento básico dos profissionais. O valor praticado pelo governador Anastasia  atualmente, é de R$369,00 para o mesmo nível de ensino, livre dos demais benefícios. Cobramos concurso público para educação, prometido desde o ano passado. Direitos dos servidores efetivados pela Lei Complementar 100. Descongelamento da carreira dos servidores efetivados (muitos servidores efetivados enquanto estudantes, hoje com graduação e pós ainda recebem como autorizados). Por fim, cobramos a revisão do plano de carreira que se mostra ineficaz, haja vista que um professor que concluir um curso de pós graduação hoje, por exemplo, pelo atual plano de carreira  levará cerca de 8 anos para começar receber pela pós. 
Lembramos aos trabalhadores em educação de MG, que o prazo para optar pela saída do subsídio e retorno ao regime remuneratório anterior, foi prorrogado por mais 60 dias a partir do dia 10/06/2011. 
Desta forma, não deixem de fazer a sua opção. Não deixe de comparecer as Assembléias da Categoria e naõ se deixem enganar. O governo tem trabalhado com a idéia de convencer os profissionais a permanecerem no subsídio, porém, todos os estudos feitos mostram que a opção pelo subsídio não representa benefício para nenhum trabalhador em educação. 
Fiquem atentos. Esperamos uma adesão maciça da categoria ao movimento de greve, pois só assim conseguiremos garantir a aplicação IMEDIATA do Piso Nacional em MG.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O artigo que reproduzimos abaixo, é de autoria do padre Geraldo Magela e foi publicado na sua coluna no jornal o tempo do dia 03/06/2011.

Os desarranjos do ensino brasileiro
As redes sociais ampliaram e o Faustão repercutiu para o país o pronunciamento da professorinha potiguar na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Em sete minutos, Amanda Gurgel resumiu o drama das professoras do ensino básico brasileiro. Espero que seja um empurrão definitivo para que a educação assuma um posto prioritário na agenda do governo.

Por mais de oito anos, fiz desse tema meu único bordão na imprensa mineira. Os leitores da cidade e do campo andaram colecionando artigos. Renderam-me um livro.

Não volto à imprensa para repetir a mesma batalha, mas a Amanda me abre oportunidade para uma reflexão mais abrangente, agora dando um voo rasante sobre o conjunto do nosso ensino.
Nossos ordenamentos jurídicos sobre a educação não duram dez anos sem modificações e são atropelados em todas as instâncias por uma prática que muitas vezes os ignora. As responsabilidades não são bem definidas e nem sempre o que está na Constituição e na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional é plenamente praticado.

O ensino básico é de responsabilidade do município. Mas a maior parte das escolas está com os Estados. O ensino médio é de responsabilidade dos Estados, mas é também praticado pela União em colégios de aplicação e escolas técnicas. O município não pode entrar no ensino superior, mas tem muita prefeitura por aí abrindo faculdades, através do artifício das fundações.

O recrutamento de professores deve ser realizado por concurso público, mas, em muitos lugares, há mais professores contratados do que concursados. A direção das escolas deve ser por escolha da comunidade, a tal gestão democrática do ensino, mas, nas prefeituras e em alguns Estados, são cargos de confiança do prefeito ou do governador e acabam virando patrimônio da família ou de indicações partidárias. Os professores do ensino básico receberam um castigo, que foi o piso salarial de R$ 930 para 40 horas semanais, mas muitos ganham isso por 30 horas semanais.

A quem compete o ensino infantil? O Estado tem escolinhas, o município tem escolinhas e também a União tenta lançar uma rede de creches. Finalmente, as políticas e os conteúdos para a educação são fixados pelo Conselho Nacional de Educação e pelos conselhos estaduais, mas muitas vezes o próprio MEC se intromete na área e quase sempre embola o meio de campo, como na atual polêmica sobre o escrever correto. Um livro patrocinado pelo MEC procura legitimar a linguagem caipira, como caminho para se chegar à linguagem culta. Vamos, portanto, aprender a falar e escrever certo a partir de erros de linguagem e concordância.

É possível que o ministro Haddad tenha prestado algum serviço à educação brasileira, mas o conjunto de sua obra tem como referência principal as confusões do Enem, que, no ano passado, ofereceu um espetáculo de desorganização que pôs à prova os nervos de nossos jovens e a paciência ilimitada de suas famílias.
Reitor do Centro Universitário UNA reitoria@una.br
Disponível em:http://ht.ly/59yg1 acesso em: 03/06/2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Polêmica do “Kit Gay” e os Processos Identitários na Escola: para além do respeito às diferenças - PARTE 1

Depois de ler e ouvir diversos comentários sobre o chamado “kit gay” pensado e elaborado pelo Ministério da Educação (MEC) decidi debruçar-me sobre o fato-objeto que provocou muito alvoroço e incômodo nestas últimas semanas. É claro que a questão não pode e nem deve ser esgotada em algumas linhas, mas quero contribuir no sentido de esclarecer alguns pontos fundamentais suscitados durante os calorosos debates.
Em meu imaginário há uma marcação pejorativa no termo “kit gay” que, creio eu, foi nomeado pela imprensa de forma geral. Ao ser nomeado de tal forma o material que será ou não distribuído pelo MEC já chega à “mesa” do debate com uma carga preconceituosa o que dificulta ainda mais o entendimento do que se pretende fazer com o material e o ponto onde se quer chegar. Não esqueçamos que a linguagem, mesmo vazando como afirma Tomaz Tadeu Silva (2006), é um sistema que marca oposições binárias entre o que é e o que não é, nesse caso entre o “gay” e o “não-gay”. Não é o fato de denominar somente, mas como esse processo ocorre.
Para mim, o conflito deve existir. Ele é real, necessário e evidente. No ambiente escolar as construções identitárias seguem a mesma lógica das outras. A identidade emerge a partir do conflito e nas percepções das diferenças. “Identidade e diferença são, pois, inseparáveis (WOODWARD, 2006)”. O discurso multicultural no contexto escolar só amarga o processo educacional e sua declaração de fé do respeito às diferenças na escola e da convivência pacífica entre os diferentes esconde algo tão importante quanto à diferença: O próprio conflito. Pensar numa retórica de construção das identidades no ambiente escolar sem conflito é como fechar os olhos para um mar de diferenças que emerge neste processo.
É preciso pensar para além da convivência pacífica, dos discursos homogeneizantes e porque não do respeito as diferenças na escola? As questões que devem estar no cerne são a hierarquização das identidades no conflito, privilégios e benefícios para determinadas identidades e subjugação para outras. Quanto vale ser católico, negro, ribeirinho ou gay? O que vale mais? Todos são processos de identificação que estão em conflito.
Entender as nomeações, os conflitos e acima de tudo as posições identitárias no contexto escolar é um bom começo para aprofundar o debate sobre a inserção ou não de materiais que dizem respeito a “costumes”, termo usado pela presidenta Dilma. 
 Allisson Goes


Referências
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA,
Tomaz Tadeu da (Org). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2006
SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença. SILVA, Tomaz Tadeu da (Org). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2006

Entrevista na rádio Itatiaia

Em entrevista ao jornalista Eduardo Costa, a coordenadora geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira esclarece as razões da greve geral dos Profissionais da Educação em MG.
Ouça  aqui .


Ouça também o spot de convocação para o primeiro dia da Greve. Não podemos nos esquecer, que a união da categoria é a única forma de reverter a situação caótica dos educadores mineiros. Temos uma oportunidade histórica de alcançar o Piso Salarial Nacional. Dessa vez, o governo de Minas não tem mais como recorrer da decisão do STF, ou implanta o piso ou segura um processo por improbidade administrativa. Portanto, o governo de Minas sabe que vai precisar implantar o piso, porém, tenta ganhar tempo para convencer o máximo de trabalhadores a permanecer no sistema de subsídio, o que o desobrigaria a praticar o piso para estes servidores.
Vamos juntos para luta!
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