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"Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis."
Brecht

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Os agradecimentos do governador

Em seu primeiro pronunciamento sobre a greve na educação, que já dura 84 dias, o governador Anastasia só soltou pérolas. Primeiro o governo afirmou que a publicação do Acórdão pelo STF, que garante aos professores de todo país o pagamento do Piso Salarial Nacional, não alteraria em nada a postura do governo de Minas. Ora, como professor de direito administrativo que é, o sr. governador sabe muito bem que não tem opção de cumprir ou não uma decisão referendada pelo STF. A estratégia foi apenas tentar ludibriar mais uma vez a população. Mas, sejamos razoáveis, o argumento bem que poderia ter sido mais  inteligente.

Outro mico do governador, foi anunciar que os alunos terão aulas de reforço pela TV MINAS, como forma de minimizar os impactos da greve. Nesse ponto o Anastasia caiu no ridículo, mostrou total desconhecimento da realidade dos nossos alunos, além disso, desde quando vídeo aulas substituem um professor?Especialmente para o nível de ensino que se pretende, o ensino médio, isso mostra como o governo de Minas entende de educação, e como a trata. Primeiro contrata tampões para lecionar no ensino médio (alunos de 1º período de diversos cursos que não têm nada a ver com educação, além de nutricionistas, advogados e outros dispostos a fazer bico na educação), agora anuncia aula de reforço pela TV. Cômico, se não fosse triste. 

Não ficou só nisso, o governador estava no auge da sua veia cômica,  e soltou mais uma. Fechou seu pronunciamento agradecendo aos "mais de 90%" dos professores que estão em sala garantindo a qualidade da educação mineira. Nesse ponto foi de rir. O governador vai mal de cálculo. Em todo estado mais de 50% das escolas estão paradas, e se alguém não acredita nisso, basta observar o desespero do governo para acabar com a greve. Duas secretárias de estado empenhadas em desarticular o movimento, "cala boca" em parte da imprensa, notas pagas na TV e nos jornais impressos para desqualificar o movimento, contratação de 1600 tampões para o 3º ano (eram 3000 vagas mas o estado, mesmo pegando qualquer um, não conseguiu preencher todas). E mais,  o ilustríssimo governador saiu do seu palácio de cristal para fazer um pronunciamento oficial sobre o que ele chama de "paralisação parcial" das escolas. Parcial? Fazendo todo esse barulho a mais de 84 dias? Sei não governador, uma greve "tão pequena", segundo palavras do governo, está mobilizando forças demais de um governo indiferente e intransigente. 

Por fim, não é possível deixar de comentar o "carão" dos colegas que receberam os agradecimentos do governador. Não são 90%, mas sejam quantos forem, deve no mínimo ter causado algum  constrangimento receber tão pouco por trair e sabotar os colegas de profissão. Colegas esses que estão na luta a mais de 80 dias para ter dignidade na profissão. Os evangelhos nos falam também de um traídor, esse talvez seja reconhecido como o maior traidor da história. Diferente dos nossos colegas, Judas recebeu um pouco mais que um tapinha nas costas e um muito obrigado. 

Por : Adriano de Paula

Veja esse vídeo:



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Tira dúvidas

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FONTE: Jornal "O Tempo"

Uma greve histórica!


Foi no mínimo emocionante o que aconteceu hoje na Assembleia estadual dos Trabalhadores em Educação. Que esta é uma greve histórica, todos já sabemos. A própria imprensa já reconhece, pela duração e pela dimensão do movimento, que essa é uma greve diferente. 

Após resistir a todos os ataques do governo de Minas, os educadores da rede estadual aglutinaram forças. A grande mobilização de hoje deixou claro que essa não é uma luta apenas dos professores, mas de toda a sociedade mineira que quer um basta nesse governo que tanto mal tem feito a família mineira. Que não investe em educação e nos demais serviços públicos essenciais. Um governo que vive de marketing e maquiagem.

Se a greve já estava forte, hoje ficou maior. Estiveram presentes na Assembleia centenas de estudantes secundaristas e universitários. Os estudantes da PUC MINAS (direito, história, filosofia, ciências sociais, e outros), da UFMG (FAE, FAFICH, FALE, direito e outros), bem como, professores e técnicos adminstrativos dessa universidade marcaram presença no grande ato em defesa da educação. Vários movimentos sociais como: MST, Via Campesina, Movimento dos Atingidos por Barragens e vários outros também foram prestar sua solidariedade aos educadores. Sindicados de várias categorias profissionais marcaram presença e ofereceram apoio e suporte a greve da educação. 


Pela primeira vez Minas assistiu um pacto dos diversos segmentos da sociedade pela Educação. Todos esses segmentos estiveram ali imbuidos do espírito de solidariedade e reconhecendo o valor social da educação e dos educadores. Tal apoio pode ser sintetizado nas frase que todos carregavam no peito ou em faixas: "mexeu com os professores, mexeu comigo". 

Esperamos que toda a sociedade reconheça que a luta dos professores não é apenas deles, mas, de todos que acreditam em futuro melhor e mais justo, o que só será possível através da educação da classe trabalhadora. Não qualquer educação, mas uma educação que seja de qualidade.

Por: Adriano de Paula

Clique aqui e leia o manifesto de apoio dos estudantes da PUC-MG (leia o verso aqui)e dos professores da FAE/UFMG




domingo, 21 de agosto de 2011

Professores: Uma greve esquecida - Por Saul Leblon, no sítio Carta Maior - PARTE 1


Às missões essenciais destinam-se os melhores recursos. Não importa quais sejam elas, serão sempre eles: os mais eficazes, mais qualificados, os que desfrutam de maior respeito e como tal são valorizados e reconhecidos.
O Brasil precisa decidir se educar a sua infância se enquadra entre as essencialidades do Estado e da sociedade. Se assim entender, terá que repensar o tratamento dispensado a um protagonista que ocupa a linha de frente desse processo: o professor de um modo geral, mas, sobretudo, o do ensino básico. 
Em meio à voltagem desordenada dos mercados financeiros mundiais nas últimas semanas, o país assistiu dia 16 de agosto, quase indiferente, como se fora uma manifestação da natureza e não uma interpelação política, a uma greve desconcertante.
Educadores do ensino básico paralisaram suas atividades para reivindicar o cumprimento de uma lei de 2008 que destina à categoria um piso salarial hoje equivalente a R$ 1.187 reais. 
Isso mesmo. O principal emissário da sociedade brasileiro junto à infância, dedicado 40 horas semanais a socializar algo como 50 milhões de meninos e meninas – já em idade escolar ou a caminho - recebe pouco mais de dois salários mínimos por mês. 
É o que vale um professor do nível básico no país que desponta como uma das potências do século XXI. 
A greve informou-nos que em 11 estados da federação nem isso ele vale. 
O salário do professor do ensino básico é uma responsabilidade de estados e prefeituras. Prefeitos e governadores alegam não dispor de recursos para arcar com o piso. 
O governo federal, através do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, Fundeb, criou uma linha de equivalência para esses casos. 
Seu montante remete a uma proporção fiscal ilustrativa: os recursos previstos, de R$ 1 bi, equivalem ao valor surrupiado à Receita Federal apenas por uma rede de sonegação desbaratada no mesmo dia da greve, envolvendo 300 empresas da área química.
Para acessar recursos complementares à folha dos professores, porém, há algumas condicionalidades. Entre elas, que as prefeituras destinem 25% do seu orçamento à educação e despesas afins. Algo que, de resto, o próprio governo federal não faz. 
Justiça seja feita, o orçamento do MEC triplicou no governo Lula. Saltou de R$ 17 bi para atuais R$ 69 bi, refletindo uma atenção à escola poucas vezes observada no país.
Foram criadas 16 novas universidades e dezenas de campi avançados. Cerca de 260 escolas técnicas dobraram a rede existente. Outras 208 unidades serão construídas agora no governo Dilma. Até 2014, os 500 municípios polo brasileiros terão pelo menos um centro educacional de formação técnica. Oito milhões de bolsas ampliarão essa capilaridade da educação profissionalizante, através do Pronatec. Uma espécie de Pronaf da educação técnica, esse programa de óbvia pertinência aguarda aprovação no Congresso há meses. 
São saltos importantes, aos quais cumpre acrescentar ainda o aumento de 21% dos recursos do Fundeb este ano, que inclui maior atenção às creches. Se abstrairmos a base de comparação e o Everest das carências nacionais seriam números quase irretocáveis. 
O que será feito de um país, e a velocidade com que isso se dará, depende porém das proporcionalidades que carências e demandas desfrutam no orçamento nacional. 
O orçamento federal de 2011 destina praticamente o dobro do que reserva à educação ao pagamento de juros aos rentistas da dívida pública brasileira: R$ 69 bi e R$ 117,9 bi, respectivamente. Cada vez que eleva a taxa de juro o governo está destinando uma fatia maior do orçamento –presente ou futuro - aos detentores de papéis da dívida pública.
Num país socialmente extremado, uma das sociedades mais desiguais do planeta, não há, efetivamente, dinheiro suficiente para tudo. Governar aqui, mais que em qualquer lugar, é priorizar. Mas as proporções citadas indicam que também significa arguir: estamos no caminho certo?
O Estado brasileiro tem como meta pagar ao professor de ensino básico um salário equivalente hoje a R$ 3 mil reais num prazo de dez anos. O prazo é compatível com a essencialidade da tarefa a ele atribuída? 
Arregimentará os melhores, os mais preparados, os mais eficientes para a missão? 
As evidências colhidas pelo próprio governo mostram que não.
Pesquisas citadas pelo Conselho Nacional de Secretários da Educação indicam que os melhores alunos da universidade hoje fogem da carreira do magistério. Motivo: a defasagem salarial da ordem de 40% comparativamente ao início de carreira em outras profissões com diploma superior. 
Um levantamento feito em 2008 pela Fundação Lemann, cotejando inscrições de vestibular e resultados alcançados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), concluiu que os 5% com as piores notas no Enem decidiram ser professores. 
Os melhores optaram por áreas médicas e de engenharia, melhor remuneradas.
Não por acaso, tem crescido no país o número de professores do ensino básico sem diploma superior. Eram 594 mil em 2007; saltaram para 636 mil em 2009. 
Através da Universidade Aberta do Brasil, o governo pretende formar 330 mil deles em cinco anos. Especialistas e sindicatos questionam a qualidade da formação à distância como é o caso dos cursos oferecidos pelas UAB. Mas o balanço dos presenciais também deixa muito a desejar. 
Hoje, 25% dos que abraçam o magistério estão sendo diplomados em cursos considerados ruins pelo próprio MEC.
A educação republicana, herança benigna da Revolução Francesa, é aquela que rompe a odiosa distinção de berço. Ao conceder um mesmo ponto de partida igual para todos — um ensino ‘público, gratuito e de qualidade’, como dizem os estudantes chilenos há 3 meses nas ruas por isso — secciona a transmissão da desigualdade. Impede que floresçam duas infâncias dentro de um mesmo país. Acordes da Marselhesa ao fundo. Ponto.
A ruptura da transmissão quase biológica da herança de berço – um dever da escola republicana - patina no país. Patina até na França, diga-se. Investigações baseadas no Enem indicam que a origem familiar continua a pesar decisivamente no desempenho escolar. Mais de um terço das 100 melhores notas registradas no Enem no Rio de Janeiro, por exemplo, foram obtidas por estudantes cujos pais tiveram formação superior. Em Brasília, esse número dobra: 76 de 100.
É um círculo perversamente vicioso. A baixa remuneração do professor desdobra-se em alunos com formação precária seminal que se arrastam daí em diante, da defasagem etária à desistência ou o déficit estrutural de formação. O conjunto subverte a finalidade republicana da educação, capturada assim como plataforma de reprodução da desigualdade que deveria combater.
O governo sabe disso. Deixou claro seu diagnóstico no novo Plano Nacional de Educação, o PNE. Entre 20 metas principais, ele destina 4 à valorização do professorado. Formação e remuneração, diz o documento, constitui a chave para o futuro da educação e do país.
O problema é a assimetria entre o diagnóstico e a destinação de recursos. Ela se explica pela força desproporcional dos interesses que tencionam essa relação. Para que as boas intenções do PNE sejam factíveis, o país teria que elevar o investimento em educação dos atuais 5% do PIB para 7%. 
O governo concorda. Mas planeja vencer essa travessia em dez anos. Uma década, a 0,2% de acréscimo real de investimento por ano. 
Trata-se de uma visão incremental muito à gosto dos mercados e de seus teóricos. Tudo se resolve gradualmente, sem a necessidade de rupturas na divisão da riqueza. Na vida real de uma nação a urgência tratada em regime de longo prazo muitas vezes é a escolha que leva ao destino oposto ao almejado.
Quanto custará socialmente esse roteiro de tartaruga resignada? Melhor: como modificar esse passo claudicante?

Professores: Uma greve esquecida - Por Saul Leblon, no sítio Carta Maior - PARTE 2

O Brasil dispõe hoje de uma incontrastável rede de controles financeiros e ideológicos, públicos e privados, nativos e forâneos, com braços que se articulam de dentro e de fora do governo, indo das universidades às consultorias de mercado, da prontidão midiática aos partidos políticos conservadores; esse redil articulado e eficiente trabalha sob pressão máxima para não deixar escapar um objetivo claro: garantir que anualmente se reserve algo como 3% do PIB em recursos fiscais ao pagamento de juros da dívida pública (cujo serviço efetivo atinge o dobro disso quando somados juros totais, capitalizações etc).
Assegurar o juro da dívida púbica é uma essencialidade do conservadorismo. Algo perseguido com o recrutamento dos melhores quadros, os mais contundentes instrumentos e todas as caixas de ressonância ideológica necessárias, das convictas às remuneradas. Os resultados, como se sabe, são notáveis: o Brasil é campeão mundial em custo financeiro; pratica as maiores taxas de juros do planeta e remunera religiosamente os títulos públicos com elas.
O tratamento incremental dispensado à educação , em contrapartida, sobretudo, aos salários do nível básico, reflete a aceitação de um interdito ideológico. O mesmo que faz algumas das economias mais ricas e poderosas da terra girar numa espiral descendente sem dispor de um ponto de apoio fiscal para sair da crise. 
O consenso conservador instituiu nas últimas décadas que os ricos – bancos e rentistas, sobretudo — não deveriam ser taxados adequadamente em seus lucros e patrimônio em benefício da sociedade. 
O dogma deixou aos Estados a opção de se tornarem mínimos em serviços e responsabilidades. Ou tomarem emprestada uma fatia da riqueza plutocrática, endividando-se a juros para proceder a investimentos e sustentar atribuições intransferíveis. Deixou-lhes também a partitura das privatizações e a do sucateamento que o Brasil dos anos 90 tocou e ouviu como aluno aplicado. 
A captura do orçamento público pela lógica rentista do endividamento esgotou-se após os excessos cometidos em seus próprios termos. Entre eles a explosão do crédito sem critério, propiciado pela desregulação precedente, e das fraudes de proporções ferroviárias.
O imenso passivo acumulado regurgita agora no metabolismo econômico mundial. Um bolo de difícil digestão. Sem afrontar o dogma fiscal que impede de taxar os ricos, sobrará aos pobres mastigá-lo e serem triturados por ele durante anos.
Se for esse o caminho vitorioso aqui e alhures, o salário dos professores do ensino básico dificilmente alcançará a faixa dos três mil reais em uma década. Talvez nem em duas.
Argumentos éticos ao som da Marselhesa tocam tangencialmente o raciocínio frio de quem lucra com o fervor colegial do Tea Party. Ou dos que, em nome do ‘custo Brasil’, extinguiram a CPMF subtraindo R$ 40 bilhões por ano à saúde pública. 
A esses talvez fosse mais pertinente lembrar que demonstrações explícitas de anomia social, como as registradas em Londres, não surgem do vazio. 
Um estudo de Unicef, de 2007, realizado exclusivamente com países considerados desenvolvidos, oferece uma pista e um alerta de como as coisas se dão. 
Intitulado "Pobreza Infantil em Perspectiva: visão de conjunto do bem-estar da criança nos países ricos", a pesquisa assume que a verdadeira medida de uma nação está na forma como ela cuida das suas crianças. A Unicef estende a fita métrica em seis dimensões da infância: a saúde e a proteção; a segurança material; a educação e socialização e o crucial modo como se sentem amadas, valorizadas e integradas na família e na sociedade onde nasceram. 
O trabalho avaliou 21 países ricos abrangendo mais de 40 itens de vida material e subjetiva agrupados nas seis dimensões citadas.
A Inglaterra figurou em último lugar no conjunto de notas de cinco das seis dimensões em toda a série. 
Trata-se de um balanço devastador da infância e da juventude criadas em 26 anos de governo conservador de Margareth Tatcher. Período em que se relegou a educação pública, as políticas sociais, empresas de Estado e valores associados à solidariedade e ao bem-comum a um agressivo moedor de carne de condenação ideológica e fiscal. 
Valioso justamente por anteceder em cinco anos os atuais distúrbios em Londres, o trabalho pode ser consultado na íntegra no site do Centro de Estudos Innocenti da UNICEF. 
Os alertas contidos no relatório merecem atenção não apenas de ingleses perplexos. Lideranças e autoridades brasileiras talvez encontrem ali boas razões para redimir sua indiferença diante da greve de abnegados professores de 11 Estados por um holerite de R$ 1.187 reais por mês.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Quanto custa para o Governo de Minas pagar o Piso Salarial


Uma greve de 70 dias sem nenhuma proposta apresentada dá a sociedade a idéia de que a reivindicação da categoria é algo desproporcional, sem condição de atendimento. Do contrário, o que justificaria um governo deixar que uma greve se prolongue por tanto tempo?
A reivindicação de Piso Salarial no vencimento básico dos profissionais da educação significa um acréscimo de 3,44%. Valorizar minimamente o profissional da educação mineiro custa 3,44% a mais nas despesas do Estado.
Este percentual foi apresentado pelo governo em reunião realizada no Ministério Público Estadual na manhã desta terça-feira, dia 16/08.
A opção da categoria pelo retorno ao vencimento básico
Durante a reunião realizada hoje o governo nos informou que 153 mil servidores optaram por sair do subsídio. Ainda de acordo com o governo isso significaria 38% da categoria. Durante a reunião discordamos deste percentual e vou explicar:
  • Total de pagamentos da Secretaria de Educação informados pelo Governo: 398.000
Observações:
Em abril de 2010 o total de pagamentos foi de 383.684
Em março de 2011 o total de pagamentos foi de 381.252
A média de pagamentos do 1o. semestre de 2011 foi de 391.035
  • Servidores aposentados: 117.336
Observações: o Governo não soube dizer quantos teriam o direito de opção por terem paridade com os servidores da ativa
Deste número 73.976 são professores e 43.360 outros cargos da educação.
  • Servidores na ativa: 280.664
  • Servidores designados que não tiveram direito de opção: 73.000
  • Diretores e secretários de escola que NÃO foram posicionados na tabela de subsídio:7.000 (estimativa)
  • Servidores da ativa com direito de opção: 200.664
Servidores que saíram do subsídio (dado informado pelo governo): 153.000

O percentual de servidores que optaram precisa ser calculado a partir dos que tiveram o direito de opção e não pelo total de pagamentos.
Breve avaliação da reunião com o MPE e Governo
O Ministério Público Estadual está consolidando a posição de mediação entre a categoria e o Governo do Estado.
Novamente o governo apresentou que tem proposta para melhorar o subsídio.
Novamente o sindicato discutiu que precisamos de uma proposta de Piso no vencimento básico. Esclarecemos ao MPE que não seríamos intransigentes em discutir apenas o valor de R$1597,00. Já havíamos argumentado tanto com o governo do estado como a Promotora Estadual de Defesa da Educação como chegamos a este valor, mas que daríamos um passo para o diálogo e aceitaríamos discutir o valor apurado pelo MEC.
A intransigência não é da categoria.
Afirmamos também que a greve não é para alcançar melhorias no subsídio, bem como não é possível a idéia de suspender a greve para contruir propostas. Lembramos que durante a greve de 2010 ficamos 21 dias em greve declarada ilegal e ela não foi suspensa por decisão judicial e a de 2011 também não seria.
ENCAMINHAMENTOS DA REUNIÃO
O MPE assumiu o compromisso de continuar intermediando e fará contato com o sindicato tão logo consiga algum avanço.
DECISÃO DA ASSEMBLEIA ESTADUAL
A categoria decidiu pela continuidade da greve.
Cada um continua com a tarefa de fortalecer o nosso movimento, manter o quadro de adesão e ampliá-lo.
Calendário aprovado pela Assembleia Estadual
18/08
Participar do Fórum Técnico sobre Segurança nas escolas em Varginha
Participar da Jornada de Lutas em Belo Horizonte
22/08
Participar do Fórum Técnico sobre Segurança nas escolas em Contagem
23/08
Ato e panfletagem na BR 381, na Ponte do Rio das Velhas (BH e Grande BH)
Até o dia 23/08
Realização de visitas às escolas que ainda não aderiram a greve
Realização de assembleias locais, pedágios, panfletans nas regiões
24/08
Assembleia Estadual
Dia Estadual de mobilização com os movimentos sociais

Fonte: Blog da Beatriz Cerqueira 
http://blogdabeatrizcerqueira.blogspot.com/

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Minas e a carroça da educação

Hoje, quando a greve da educação mineira completou 64 dias, os educadores percorreram o movimentado centro comercial de Venda Nova, em Belo Horizonte, em um desfile pouco convencional. Dezenas de educadores desfilaram ao lado de carroças e carrinhos de mão cheios de livros, cadernos e cartazes denunciando o descaso do governador Antônio Anastasia com a educação em Minas Gerais. O desfile chamou a atenção da imprensa e de quem passava pela rua. A intenção era mostrar para a população que em  Minas a educação anda a cavalo, a carroça. 

Em greve desde o dia 8 de junho, os educadores mineiros têm sido vítimas da intransigência e do espírito belicoso do governo mineiro. Perseguição a grevistas, agressões físicas, corte dos salários, são algumas das  atitudes baixas desse governo que não consegue dialogar. Além disso, ao veicular na TV comunicados mentirosos e agressivos (com dinheiro público), o governo de Minas tenta uma estratégia de desacreditar  o professorado mineiro diante da sociedade,  e até  incitar a população contra esses profissionais através da idéia de que os professores estariam comprometendo o acesso dos alunos do 3º  do ensino médio à universidade.

A última cartada da senhora secretária de educação Ana Lúcia Gazzola, foi o anúncio da contratação de mais de 3 mil "professores tampões" para substituir os profissionais em greve nas turmas de 3º ano. Chama atenção o fato do governo está contratando inclusive pessoas sem qualquer formação pedagógica e sem qualificação profissional para atuar no ensino médio. É Minas Gerais na contramão do desenvolvimento. Alguém ainda duvida que a educação mineira anda a carroça?



Pior salário do Brasil para a educação (369,00 para um professor com nível médio de escolaridade), não cumprimento de lei federal (11.738/08 – Lei do piso nacional da educação), milhares de profissionais atuando com contratos precários e um déficit de mais de 800 mil vagas no ensino médio. Esses são alguns dos muitos problemas da educação mineira. 

Sem falar em greves que acontecem todos os anos, cada vez mais extensas. Em 2010 foram 48 dias de greve. Esse ano já passam dos 64 dias parados, sem que o governo se disponha, pelo menos,  negociar com os profissionais. 

Fica claro,  que o desafio do governador Anastasia na educação é realmente muito grande. Não adianta mais reformar a carroça governador, é necessário fazer a educação decolar. 

Por: Adriano de Paula
 
Veja o vídeo da "carroçada" da educação: 


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Depoimento de uma professora: há 10 anos assistindo precariedade e arbitrariedade

Ontem, 09 de Agosto, foi publicada no Diário Oficial do Estado, resolução que contrata, em situação PRECÁRIA professores para atuarem na última série do Ensino Médio, sob o débil e demagógico argumento de que a greve está gerando “prejuízos irreparáveis e irreversíveis” aos alunos, devido à proximidade do exame do ENEM. Segundo a secretária de educação, o estudante precisa estar apto para o ENEM. Além disso, deixa claro que, não comparecendo à designação os profissionais habilitados (ou seja, que tenham feito curso de licenciatura exigido para o exercício desta função, conforme a LDB), qualquer pessoa “qualificada” (termo nada preciso), poderá assumir tais aulas, assumindo a responsabilidade de preparar nossos alunos para o referido exame que ocorre em Outubro. Pergunto: as aulas específicas de cada curso e especialmente as de didática e métodos de ensino são agora dispensáveis ao exercício do magistério?
            Tal ação POLÍTICA (coloco em maiúscula, dado a sua seriedade), suscita questões diversas, das quais, tenho certeza, somente conseguirei apontar algumas:
- A educação se resume ao ENEM?
- Os estudantes da rede estadual de educação têm tido possibilidade de acesso à educação de qualidade que lhes dê oportunidade de atingirem rendimento no exame do ENEM, garantindo-lhes acesso às Universidades Públicas?
- As aulas ministradas neste período terão os recursos que constantemente solicitamos em nossos planos de ações (PIP)? De repente brotarão laboratórios para as aulas de biologia, química e física, mapas históricos e geográficos atualizados, materiais didáticos complementares e tudo o mais que os órgãos responsáveis já devem ter verificado que solicitamos todos os anos?
- Lembrar-se-ão que não estamos tendo professores habilitados (às vezes até sem habilitação mesmo) de Física, Química e Matemática?
- Neste período serão investidos 25% da arrecadação do Estado na educação?
 São muitas questões....
A atitude da atual Secretária de Educação Ana Lúcia de Almeida Gazzola, juntamente com os Gerentes de Plantão aqui no estado de Minas Gerais, pode-se comparar à dos imperadores romanos em seu período de maior decadência. Jogam-nos à arena para nos digladiarmos. Estes “nós” a quem me refiro são os trabalhadores em educação, o povo, do qual fazemos parte e os estudantes, filhos deste mesmo povo. Isto revela o descaso e desrespeito com o povo que necessita (e tem direito) à educação de QUALIDADE e está em seu direito quando cobra uma solução para o impasse na greve. 
É, entretanto, um verdadeiro golpe, no mínimo sujo, a ação do governo. Primeiro, porque acha mais fácil provocar tamanha celeuma ao invés de cumprir uma lei nacional, em vigor desde Julho de 2008. É mesmo muito cinismo pautar-se na constituição para nos depreciar, quando não cumpre uma lei que nem ao menos chega aos pés do que deveria ser o salário mínimo constitucional (vide cálculos do DIEESE). É “golpe baixo” tentar romper com o direito de greve, aproveitando-se do fato de existirem tantas pessoas desempregadas que, com certeza acham que vale a pena trabalhar substituindo grevistas, por pura necessidade. São os “poderosos” colocando-nos para comermos o fígado um do outro, como se fossemos “urubus na carniça”. É a mais pura degradação da nossa sociedade, sob os olhos sádicos de quem a “governa”.
Como educadora apaixonada pelo que faço, não posso deixar de expressar a minha indignação com a, se me permite, professora Ana Lúcia Gazzola, tamanha a crueldade temperada a hipocrisia, de sua ação. Não me venham dizer para mudar de profissão. É esta que escolhi, a duras penas, como a maior parte dos meus colegas, consegui concluir a graduação, paguei por uma Especialização na Universidade FEDERAL de Minas Gerais e tenho tentado alimentar o sonho de fazer Mestrado (em Universidade Pública), simplesmente, pasmem, para ser melhor profissional na própria rede estadual. O que me move é que sei que não sou a única a pensar assim. É por isso que estamos em greve.
Por fim quero dizer que as greves dos Trabalhadores em Educação, por todo o país, significam um pedido (pedido, não, grito) de socorro pela educação no Brasil. Educação esta, sempre colocada como prioridade por todos os governos em seus discursos eleitoreiros que, se cumpridos estaríamos no paraíso. Inclusive, cadê o Governo Federal nesta história?
Faço, assim, um chamado a todos os Trabalhadores em Educação que ainda estão em sala de aula: A PARTIR DE HOJE VENHAM ENGROSSAR MAIS AINDA O MOVIMENTO GREVISTA. É DEGRADANTE ACEITAR O DESRESPEITO COM QUE OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO PÚBLICA ESTÃO SENDO TRATADOS. O DITO “ESTADO DE DIREITO” É UMA FARSA!
Assinado: Liliane Morais - Professora
Integrante do MOCLATE (Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação)

Aos alunos com carinho

Aos "alunos" com carinho,

Todas as conquistas , ao longo da história, basearam-se nos sonhos, na luta e  resistência do povo. Sabemos que só há desenvolvimento social através da educação. Em 2010, iniciamos uma jornada pelo cumprimento da lei 11738/2008. Pactuamos com o governo diretrizes para implementação do acordo. Porém o mesmo descumpriu pontualmente os termos acordados.

Após longo processo de "conversação", pois não houve nenhum ponto negociado. Deflagrou-se a greve que já passa dos 60 dias parados. Queria que fosse diferente, mas socialmente somos invisíveis e mesmo com a greve assim permanecemos.

A vocês que me conhecem e já conviveram comigo, venho tornar público minha profunda tristeza e minha indignação. EU ACREDITO na igualdade de direitos, na justiça, no futuro , na educação e no cumprimento das leis sem distinção. Em MG escolhe-se qual lei cumprir, depende de quem será beneficiado.

Após 60 dias de greve, ao invés de cumprir a lei, o governo "soluciona" o   problema: cria uma resolução para substituir os professores do terceiro ano do ensino Médio em greve. E alega que os mesmos não poderão ser prejudicados no Enem. Sendo assim como peças serei  substituída. Não estou de férias e sim em GREVE. Mesmo assim permanecerei lutando. Gostaria de tudo fosse resolvido sem tantos transtornos e suspensão das aulas.

Durante esse período de luta já sofri agressões verbal, moral e física. Fui presa, caluniada, chacoteada e ameaçada. Falei em carro de som, na TV, na net. Apesar de tudo continuo confiante e persistente. Não quero formar escravos, não mais. Sonho com a educação libertária que educa o cidadão. Creio que a EDUCAÇÃO se faz pelo exemplo.
Caso algum dia seja lembrada, gostaria de ser lembrada pela persistência, pelo compromisso e afirmando que mudar a situação é difícil e possível. Procuro escrever a minha história, para que assim minha existência valha a pena, fazer a diferença. Finalizo   citando Monteiro Lobato" um país se faz a com homens e livros".  



Graziella da Costa Moreira Souza 
Curso superior com pós - graduação
Professora Estadual desde 1994.

As soluções de um governador "tampão"

Ao anunciar a contratação de "professores tampões", para substituir temporariamente nas turmas de 3º ano os profissionais que estão em greve, o governo de Minas atestou seu descaso com a educação, seu descompromisso com a juventude e com o ensino público.

Basta um mínimo de senso crítico para saber que se o governo quisesse resolver o problema da greve era tão somente cumprir uma lei federal, e implantar no estado o Piso Salarial Nacional. Essa medida acabaria com a greve em todos os níveis de ensino e traria a normalidade a todas as escolas do estado, não somente no terceiro ano do Ensino Médio.  Ao contrário,  o governador Anastasia prefere  assumir uma postura belicosa e beligerante. Prefere travar uma queda de braço com os professores sem objetivo de acordo, o único objetivo é derrota-los.

Dessa forma, o governo de Minas coloca em risco o ano letivo dos alunos do primeiro ao nono ano do ensino fundamental , bem como, do primeiro ao terceiro ano do ensino médio. É fato, o terceiro ano do ensino médio também está comprometido. Alguém acha que o governo irá encontrar 3 mil professores de uma hora para outra? Além disso, todos sabemos que a maioria das contratações serão de pessoas sem formação específica para lecionar as disciplinas que serão cobradas nos vestibulares e no ENEM.
Não se iludam! O governo mais uma vez passa um verniz na situação. Passa a imagem de normalidade, mas na verdade faz apenas uma maquiagem. O triste é que podem haver pais e alunos aplaudindo isso. Coitados! Mais uma vez vítimas de um governo sorrateiro e enganador.
Ficam alguns questionamentos: e os alunos do primeiro ao nono ano do ensino fundamental? E os alunos do primeiro e segundo ano do ensino médio? Continuarão sem aulas apenas por um capricho do governador? Onde estão os pais que não vão cobrar isso do estado? Onde está a Federação de Pais que cobra o fim da greve, mas não se posicionou quando o estado retirou disciplinas fundamentais da grade curricular do Ensino Médio? Será que a Federação de pais representa apenas o terceiro ano do ensino médio? Porque ninguém ainda falou que o presidente da tal federação de pais sequer tem filhos em escola pública?
Hoje na Assembleia Estadual dos Trabalhadores em Educação, vimos muitos alunos e também pais de alunos pegando o microfone para expressarem seu apoio aos professores em greve. São pessoas conscientes que não deixaram de falar do prejuízo que a greve traz aos alunos, mas que entenderam que o grande algoz da escola pública que compromete o futuro da juventude mineira é o governo de Minas. Isso porque é um governo que desrespeita a educação e aos educadores, trata com descaso o ensino e não resolve um problema fundamental do ensino público, a remuneração do professor.

As "soluções"apresentadas pelo governador, podem no máximo atentar contra essa greve, mas, se não houver solução definitiva os próximos anos serão de greves e mais greves. E aí? Contrataremos tampões todos os anos? Os alunos perderão dois meses de aula todos os anos?
É preciso que a sociedade avalie o que de fato quer para os seus filhos e  para a juventude. Se um futuro certo com bases sólidas, ou apenas tampões, castelos de areia. 

Por: Adriano de Paula

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A realidade do Ensino Médio em Minas Gerais

Os trabalhadores em educação e o Sind-UTE/MG fazem uma denúncia: os problemas da rede estadual de Minas Gerais vão além dos baixos salários enfrentados pelos profissionais da educação. Uma breve análise do Censo Escolar revela uma situação pouco discutida, mas preocupante. Está em curso uma política de diminuição sistemática do funcionamento das escolas estaduais.  Analisando o período de 2005 a 2011, o Censo Escolar aponta um decréscimo do número de escolas estaduais em atividade de 4%.
Além disso, se todos os adolescentes mineiros quisessem estudar no ensino médio ofertado pela rede estadual não haveria vagas. Neste momento há um déficit de 884.470 mil vagas.
A matriz curricular determinada pelo Estado impõe que o aluno tenha que optar a partir do 2º ano por estudar apenas 8 disciplinas em detrimento das 12 disciplinas, privilegiando uma área do conhecimento em detrimento da outra. Além disso, existem pessoas sem formação atuando como professores no ensino médio.
Ocorrem fusões de turma e não é autorizada a contratação de professores, sendo que os professores que compõe a equipe são obrigados a assumir disciplinas sem ter a formação específica.  Como não bastasse, faltam professores de matemática, física e química na rede estadual.
Quando o professor adoece e sai de licença médica, a maioria das vezes ele não é substituído. “Queremos o Governador preocupado com o Enem e com o Ensino Médio durante todo o ano letivo e não apenas durante a nossa greve”, afirma a direção do Sind-UTE/MG.
 Fonte: www.sindutemg.org.br
Acesso em: 08/08/2011

Severiano Alves fala sobre o Piso Nacional dos Professores

Minas do improviso, é preciso solução

Hoje o portal UAI, destacou a seguinte notícia: " Professor substituto pode ser salvação". A matéria trazia a fala da secretária de educação,  que acusava o sindicato de intransigência nas negociações. Trazia também a fala de alguns pais e alunos reclamando dos prejuízos. Para solucionar o problema a secretária Ana Lúcia Gazzola disse  está estudando judicialmente medidas para minimizar o prejuízo aos alunos.
Algumas questões precisam de reflexão. Primeiro, quando o governo fala em intrasigência do sindicato, não está  ligando o nome a pessoa. Estou acompanhando a greve desde a sua deflagração e o que vi até o momento foi o governo em uma posição extremamente intransigente, dizendo que  não negociaria com grevistas. Em 62 dias de greve apenas duas reuniões de negociações foram feitas, isso após muita pressão da categoria. Mesmo assim, nas reuniões a secretária insistia em dizer que não negociava o Piso Nacional, motivo primeiro da greve, visto que é uma lei federal que Minas  ignora. 
Desta forma,  não há como se falar em intransigência do sindicato, mas em incoerência da secretária. Desde o início, a estratégia do governo em relação a greve foi de ignora-la e não reconhecer como problema Por isso a greve se estendeu tanto. Irresponsabilidade do senhor Anastasia e sua trupe.
A greve prejudica alunos, prejudica também aos professores que estão sem os salários e também farão a reposição aos sábados feriados e férias. Portanto, ninguém está brincando de fazer greve. Se a categoria insiste no movimento, certamente não é para se divertir. Afinal, qual trabalhador vai querer perder seus salários e suas férias?
No que diz respeito a substituição de grevistas, o governo sabe que não pode faze-lo. A lei é clara em dizer que trabalhador em greve não poderá ser substituido. O governo encomendou a matéria no jornal exatamente para tentar maquiar a situação e colocar os pais contra os professores, tenta com isso transferir aos professores uma responsabilidade que exclusiva do governo estadual. Um mínimo de senso crítico porém,   revela que um governo que demora 50 dias para iniciar o diálogo com a categoria em greve, é no mínimo irresponsável. Sem falar que nenhum trabalhador, pai de família pensa em receber um vencimento básico de 369,00 e de 550,00. Porque o professor tem que receber calado? Professor também tem família, não é mesmo? É preciso lembrar-se disso.
Para contratar professor substituto, primeiramente  a greve  precisaria ser declarada ilegal, só aí, talvez, poderia seguir a contratação. Fora isso, nada poderia ser feito. Mais uma manobra desse governo imundo. É preciso estar atento. O governo está pressionado e tenta passar essa pressão para os professores. Os trabalhadores em educação não podem aceitar isso, ou o governo implanta o piso, ou vai ter que arcar com o ônus das escolas paradas.
Lamentamos o fato dos alunos estarem prejudicados em função da paralisia do governador Anastasia. Porém, infelizmente, a greve é  única forma que os educadores tem para tentar sair da miséria que esse governo os impõe. É importante lembrar que estamos falando de trabalhadores com nível superior recebendo vencimentos básicos de R$550,00, quando existe uma lei que proibe tal situação. 
A luta dos professores deveria ser de toda a sociedade, pois uma escola com profissionais na miséria, não tem qualidade, é apenas engôdo, é maquiagem.
O governo fala em contratar substitutos, mas todos sabemos que hoje faltam professores no estado, assim como no Brasil. De onde virão os substitutos? É claro que serão estudantes e talvez,  profissionais de outras áreas que se aventurarão ensinando os filhos da população que depende da escola pública. Será que é isso que os pais querem? "Professores" tampões? "Professores" que não são professores? Será que isso também não prejudica quem vai prestar vestibular? A tal federação de Pais, encabeçada pelo senhor Mário de Assis não vai se manifestar quanto a isso? Acho que não. Até porque a tal federação só aparece em períodos de greve. Se omitiu quando o governo retirou matérias do ensino médio e em outras situações cruciais na vida no nosso alunado. 
Talvez o melhor, mais eficaz e mais simples, fosse o governo sentar com os grevistas e negociar o pagamento do piso, logo, o cumprimento da lei.  Certamente, essa última deveria ser a atitude de um governo que prima pela educação.  Não é o caso do governo de Minas, que mais uma vez mostra como trata a educação e a escola pública: com improviso e com descaso. 
É preciso por fim a greve, mas com soluções para o caos da escola pública e dos salários dos professores. Não com mentiras, manobras e "vernizes". É preciso solução. Sem isso greves acontecerão todos os anos, rotineiramente. Queremos solução, queremos o cumprimento da lei 11.738/08. Queremos o piso salarial nacional da educação.

Por:  Adriano de Paula

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O momento é de continuidade da Greve

A demora do Governo de Estado em estabelecer um processo de negociação que modifique o vencimento básico é uma estratégia que explicita a forma de gestão que enfrentamos.
Lidar com movimento organizado seja ele social ou sindical é muito trabalhoso e não é possível estabelecer um controle dele. Por isso enfraquecê-lo, desacreditá-lo como interlocutor da categoria é importante para que não seja um ator no cenário, para que não pressione e portanto não interfira na forma de gestão.
Por isso, para o governo é preciso punir a categoria de modo a mostrar que a organização é uma afronta intolerável. Nesta situação se enquandram o corte de pagamento, a suspensão de ferias-prêmio e o adiamento da posse das novas direções de escola que vivemos neste momento.
Em 2012, haverá eleições, portanto restrições no que diz respeito à política salarial. Por isso a luta precisa conquistar o Piso Salarial este ano.
Não há motivos para o retorno às aulas neste momento. Precisamos conquistar o Piso Salarial.
Por isso a greve continua por tempo indeterminado.
O recuo neste momento não garante o salário, nem as férias-prêmio. É preciso fortalecer ainda mais o nosso movimento e intensificar o retorno à remuneração de vencimento básico. É ela que possibilitará o pagamento do Piso Salarial.
ATO EM DEFESA DO PISO
A escadaria da Igreja São José foi o palco da nossa 1a. manifestação no segundo semestre.
O Ato reunião movimento sindical, social e político em defesa da nossa greve e da nossa luta pelo Piso Salarial.
Foi uma ação muito importante porque demonstrou que nã estamos isolados e pudemos aglutir vários movimentos em torno de questão tão sagrada como é a educação. Entre tantas entidades e autoridades presentes, cito algumas:
- Internacional da Educação (IE);- Bloco Minas sem Censura (Rogério Correia e Elismar Prado);- Deputado Federal Padre João;- Presidente Nacional do PSTU, Zé Maria;- o MST;- o Sindeletro;- CUT Nacional (Vagner Freitas);- CUT MG;- CTB;- SindRede;- Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas
- Marcha Mundial das Mulheres;- CNTE (Marta Vaneli, Secretária Geral);- Sindicato dos Metroviários
e várias outras entidades.
Os estudantes de São José da Lapa estiveram presentes em nossa assembleia manifestando apoio à categoria.
 
Fonte: Blog da Beatriz Cerqueira 
http://blogdabeatrizcerqueira.blogspot.com/

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Professores de Minas publicam contracheques para provar que estado é PSDB


* PIOR SALÁRIO DO BRASIL
por Luiz Carlos Azenha
Depois de uma campanha midiática em que o governador Antonio Anastasia sugeriu que os professores em greve estavam mentindo sobre os salários pagos a eles pelo governo de Minas Gerais, os profissionais de Educação do estado decidiram publicar os contracheques e encaminhar um kit-salário para os jornais e outros meios de comunicação do estado.
Conversei com Beatriz Silva Cerqueira, a Bia, do Sindicato Único dos Trabalhadores de Educação em Minas Gerais, o SINDUTE. E, pelo que ela contou, existe um tremendo esqueleto no armário do atual senador e provável candidato ao Planalto, Aécio Neves, esqueleto agora administrado por Anastasia: o choque de gestão.
Mas, antes do esqueleto, a greve: a paralisação atinge, por decisão da Justiça, apenas 50% dos 380 mil trabalhadores em educação de Minas, em todas as regiões do estado.  Ela foi deflagrada, como a greve de Santa Catarina (onde os professores acreditam ter obtido uma importante vitória política), para garantir a implementação do Piso Salarial do Magistério, que é federal e foi considerado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em abril deste ano (valor atual de R$ 1.187,00).
Hoje, em Minas, o professor que tem ensino médio ganha R$ 369,00 mensais de salário inicial; o professor com licenciatura plena, R$ 550,00.
Segundo Bia Cerqueira, este ano o governo Anastasia, a partir de uma lei estadual, decidiu aglutinar todas as parcelas que compõem o contracheque dos servidores em um subsídio, que os professores rejeitam considerar como piso salarial, mas sim o total da remuneração.
A adoção do subsídio, segundo Bia, provoca — entre outras coisas — o nivelamento da categoria entre os professores que tem 20 anos de carreira e os que estão começando agora. Uma situação parecida aconteceu em Santa Catarina.
A greve é por um piso salarial de R$ 1.597,00 para os professores de nível médio com jornada de 24 horas.
Bia Cerqueira diz que a política salarial de Minas Gerais em relação aos professores é de “controle” da remuneração, o que seria um dos princípios do “choque de gestão”, que começou a ser implantado pelo ex-governador Aécio Neves. “Você pode demorar 8 anos para começar a receber por uma pós-graduação que tenha feito, você pode demorar de 20 a 25 anos para receber por um mestrado”, ela exemplifica.
“O governo controla a remuneração [dos servidores] para que possa investir em outras áreas que dão retorno melhor para ele”, disse ela, provavelmente se referindo a retorno eleitoral.
Bia inicialmente não entendeu a minha piada: o choque de gestão, disse eu, teria sido de 220 volts, bem na veia do professorado!
Aliás, ela acredita que o tal choque fracassou redondamente. Três exemplos:
* Faltam 1,5 milhão de vagas no ensino básico em Minas Gerais;
* A média de escolaridade do mineiro é de 7,2 anos;
* No vale do Jequitinhonha, a média de escolaridade é de apenas 6,2 anos.
Além disso, o programa que é orgulho do atual governador, Antonio Anastasia, o Professor da Família, para dar apoio a alunos do ensino médio, é bastante precário.
* Por enquanto, atinge 9 dos 853 municípios de Minas Gerais, ou apenas 22 das 4 mil (eu disse quatro mil) escolas;
* Os professores contratados para implementar o programa, que visa dar aulas de reforço para alunos do ensino médio, têm formação de ensino médio, o que contraria a Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional, que exige licenciatura plena.
“Os projetos não correspondem à realidade do estado de Minas Gerais”, diz ela.
Duas grandes dificuldades enfrentadas neste momento pelos grevistas: boicote ativo ou desprezo da mídia local e a postura do Poder Judiciário de Minas Gerais que, segundo a Bia, nunca decide em favor dos educadores.

Fonte: Viomundo - o que você não vê na mídia / por Luíz Carlos Azenha
Acesso: http://www.viomundo.com.br/denuncias/professores-de-minas-publicam-contracheques-para-provar-que-estado-e-psdb.html

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O governo na berlinda!!!

O governo de Minas fez um verdadeiro bombardeio neste final de semana. Sabendo que o recesso escolar acabou na última sexta feira, o governo não exitou em gastar rios de dinheiro com a mídia impressa e também na TV, veiculando um comunicado mentiroso que objetivava  atacar o sind-UTE  e  colocar a população contra os professores em greve. 

A greve da educação faz hoje 53 dias, e o governo tentou desde o dia 08 de junho, data de início do movimento, negar que a greve acontecia. Durante todo esse tempo a estratégia era negar o movimento ou minimiza-lo. Ao que tudo indica não deu certo. Caso contrário, o governo não teria feito tal bombardeio na mídia atacando uma greve "inexistente" ou uma greve "fraca".  Confesso que foi irritante assistir  na TV o comunicado desaforado e mentiroso do governo de Minas. Mas,  por outro lado, foi também prazeroso perceber que o governo já mostra sinais claros do seu desgaste com o movimento. E mais, mostra o seu desespero frente uma categoria que mobilizada se recusa a abaixar a cabeça para mais um "assalto" desse governo contra a educação. 

Todos sabemos que o governo de Minas não paga o Piso Salarial Nacional, nem na sua integralidade como manda a lei, e sequer na sua proporcionalidade, como ele insiste e dizer que deva ser. O governo faz o seu papel sujo,  tentando omitir a verdade à população. Fala, fala, fala, mas não pode provar nenhuma das suas afirmações. Não prova porque não são verdadeiras. Diferentemente, nós, educadores estaduais em greve, quando falamos que o governo não paga  Piso Salarial Nacional podemos provar através dos nossos  contracheques. 

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR
Minas paga a um professor com nível médio de escolaridade R$369,00 e a um professor com nível superior R$550,00. Esses são os pisos salariais dos educadores mineiros, e isso nós podemos provar. Desafio a secretária de educação Ana Lúcia Gazzola e a secretária  de Planejamento Renata Vilhena a provarem que meu piso é maior que esses valores. Podemos não ter dinheiro para pagar propagandas e comunicados mentirosos na TV, como o governo fez neste final de semana, mas disponibilizamos nossos contracheques que provam as mentiras do senhor Anastasia.  

Hoje, à meia noite, os contracheques dos servidores da educação foram disponibilizados no portal do servidor. Esperei ansiosamente para consulta-lo, e como já esperava,  pude comprovar que os salários foram cortados. Isso mesmo, metade do meu salário foi cortando em função da greve. Se estou preocupado? Sim, afinal com esse salário de fome não é possível sequer poupar para uma emergência. Mas, se esse for o preço a ser pago para que eu resgate minha dignidade como educador, eu estou disposto a pagar. Não é possível  pautar uma carreira de 30 anos,  em um mês de salário.Este é um momento crucial na vida de todo educador estadual em Minas Gerais. Ou conquistamos o piso agora, ou lamentaremos essa derrota pelos próximos anos.

Quero convidar a todos os colegas a reforçarem essa atitude. Começamos juntos uma greve no dia 08 de junho, uma greve com  um objetivo claro. Só faz sentido sair da greve quando esse objetivo for alcançado. Voltar para escola  não traz o salário de volta. A única  possibilidade de reaver  o nosso pagamento, é manter a mobilização forte para negociarmos a devolução dos  salários. Sem mobilização voltaremos enfraquecidos, sem piso e sem salário. Me recuso a me dobrar a essa chantagem baixa e injusta do governo de Minas. Me recuso a jogar fora 53 dias de greve, virando as costas e voltando para a escola simplesmente. Iniciamos a luta, agora é lutar até o fim. Lembrando sempre que  sem salário, não haverá reposição. 

Pela nossa dignidade. Não vamos deixar que o governo faça com a nossa categoria o que ele bem entender. Não adianta convocar para a escola. Quem define se a greve continua, ou não, somos nós, os trabalhadores em educação. E se o governo de Minas pretende por fim a greve, que o faça, mas não ameançando e cortando salários. Que o faça com moralidade e na legalidade,  cumprindo a lei e pagando o Piso Salarial Nacional da Educação. É lei, é direito e nós merecemos. 

Por: Adriano de Paula

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