O texto que publicamos abaixo, é uma contribuição enviada pelo professor Allisson Gomes da rede estadual de Sergipe.
O SENTIDO DA GREVE DOS PROFESSORES EM SERGIPE
Allisson Gomes dos Santos Goes
Assistindo o repercutido desabafo da professora Amanda Gurgel em um site de mídias sociais pus-me a pensar sobre a educação e o sentido da atual greve dos professores no estado de Sergipe. Num primeiro momento pode parecer que temos sobre a mesa duas cartas oposta ou duas situações diferentes. Falo isto por que o governo petista sergipano acaba de publicizar suas novas ações e investimentos em todo o estado, incluindo a área da educação. Esta nova veiculação midiática traz tudo “muito limpo e cheiroso”, o que não é bem a realidade vivida pelos profissionais da educação.
A primeira colocação a ser feita é que o salário base de três dígitos trazido pela professora não fica muito aquém do salário base de quatro dígitos recebido pelos professores em Sergipe. Aqui também existem professores que trabalham dois turnos (o que chamamos de DE – Dedicação Exclusiva) ou até três quando combinado com outros estabelecimentos de ensino ou outras áreas profissionais. Nossos professores também fazem isso para sobreviver e para além, para tentar cultivar alguma – talvez mínima – esperança de ter uma aposentadoria digna no “fim” de sua carreira quando já estão cansados e doentes. A revisão do PISO SALARIAL é um ato respaldado por legislação federal e que o governador Marcelo Déda deveria acatar sem mais delongas.
A proposta lançada pelo grupo que tem o Estado nas mãos é dividir a categoria e de alguma forma acabar com a greve. Como o próprio SINTESE coloca, não temos subcategorias e sim uma única categoria que deve permanecer forte até o fim. Vejo que é o momento de o sindicato mostrar, já que, em cinco anos de governo petista (que o próprio sindicato apoiou de maneira não oficial) poucas promessas foram cumpridas.
Uma segunda colocação e que diz respeito a estas promessas não cumpridas é a GESTÃO DEMOCRÁTICA. É de se admirar que ao fim de CINCO ANOS de governo o Partido dos Trabalhadores em Sergipe não tenha concluído o estudo sobre a implantação da gestão democrática nas escolas públicas estaduais. Lembramo-nos que esta é uma promessa da primeira eleição concorrida pelo então candidato Déda e que pretendia acabar com o loteamento das escolas a partir dos cargos de direção, o que deteriora ainda mais a imagem do processo educacional. Não se pode deixar de colocar que o mesmo partido que criticava entrou na lógica do loteamento de cargos políticos e agora se vê numa “sinuca de bico”: Abro ou não abro mão das benesses dos cargos de indicação política?
Por fim, e utilizando o velho Pierre Bourdieu, o campo político também possui suas regras, capitais, bens em disputas e estratégias. No nosso caso, que não é tão específico, há uma coisa peculiar: Estamos disputando contra nós mesmos, ou seja, contra quem nós elegemos, contra quem saiu das “nossas bases”, contra quem parecia ter “a nossa cara”.
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